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segunda-feira, 9 de abril de 2018


Vós sois deuses

Vós sois deuses, lembrou-nos o Mestre de Nazaré, referindo-se à nossa condição de seres imortais.
Podeis fazer tudo que faço e muito mais, acrescentou ainda.
Recordamos-lhe a vida e O vemos andando pelas estradas, atendendo o povo, sem cansaço.
O povo, a Sua paixão. Onde se manifestasse a dor, ei-lO a espalhar o consolo.
Ele adentra Naim e deparando-se com um cortejo fúnebre que levava ao sepulcro um corpo jovem, compadece-se da mãe em prantos.
Estanca o passo dos homens e ordena ao moço, que estava em sono letárgico, que se erga, devolvendo-o à mãe, agora em júbilo.
Ele convive com a má vontade e a ignorância dos homens. Ouve as perguntas, tolas por vezes, que lhe são dirigidas e as responde, elucidando.
Vai à casa dos apontados como corruptos, serve-se do momento para ensinar o bem, sem macular-se.
Ergue a mulher equivocada de Magdala, convidando-a à reformulação íntima.
Recebe-lhe as demonstrações de carinho e ternura, mas insiste no convite à mudança de atitude.
Imparcial, sempre. Sereno, também.
Devolve a vista ao cego de nascença e lhe recomenda nada dizer a ninguém.
Como se pudesse o beneficiado deter a cascata de alegrias de que se revestiu.
Liberta o homem de Gadara de legião, os Espíritos que o atormentavam.
Aponta diretrizes renovadas à samaritana, no poço de Jacó e lhe possibilita o crescimento espiritual.
Da virtude que emana de Seu Espírito oferta a cura ao problema hemorrágico da mulher das distantes terras de Cesareia de Felipe.
Entra, triunfante, em Jerusalém, sem, no entanto, prender-se às efêmeras manifestações de júbilo com que o recebe o povo.
Podeis fazer muito mais...

*   *   *

Obediente à afirmação do Cristo, Albert Schweitzer embrenhou-se no coração da África equatorial francesa e se dedicou aos seus irmãos negros.
Construiu seu hospital do nada, praticamente com as próprias mãos. Tudo para atender os pacientes africanos atacados de todas as doenças, desde lepra até elefantíase.
Foi-lhes médico, pastor, professor. Suportou-lhes a ignorância que os fazia comer os unguentos receitados para enfermidades da pele.
Ou beber de uma vez o vidro de medicamento destinado a durar semanas. Ou quando tentavam envenenar outros internados.
Quando o silêncio descia sobre o resto do acampamento, ele trabalhava até meia-noite ou mais tarde ainda, escrevendo ou respondendo cartas.
Quando partiu para a África, Schweitzer pensou que estava abandonando para sempre as coisas que lhe eram mais caras: a arte e o ensino.
Mas sempre teve um piano consigo e assim pôde manter em dia sua música. Suas gravações de Bach em órgão obtiveram grande êxito.
Cada vez que voltava à civilização, fazia uma longa série de conferências, tendo sido homenageado por inúmeras universidades.
Além disso, trabalhando à noite, manteve uma produção literária constante.
Os homens lhe reconheceram a grandeza. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1952.

Vós sois deuses... Podeis fazer muito mais...

Schweitzer fez. Que podemos nós realizar?

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com transcrição
do Evangelho de João, cap. 10, versículo 34 e
cap. 14, versículo 12.


domingo, 7 de janeiro de 2018

sábado, 6 de janeiro de 2018

Adoro-Te, recôndito Eu do universo, alma do Todo, meu Pai e Pai de todas as coisas, minha respiração e respiração de todas as coisas.

Adoro-te, indestrutível essência, sempre presente no espaço, no tempo e além, no infinito.

Pai, amo-te, mesmo quando Tua respiração é dor, porque Tua dor é amor; mesmo quando Tua Lei é esforço, porque o esforço que Tua Lei impõe é o caminho das ascensões humanas.

Pai, mergulho em Tua potência, nela repouso e me abandono, e peço à fonte o alimento que me sustente.

Procuro-te no âmago onde Tu estás, de onde me atrais. Sinto-Te no infinito que não atinjo e donde me chamas. Não Te vejo e, no entanto, ofuscas-me com Tua luz; não Te ouço, mas sinto o tom de Tua voz; não sei onde estás, mas encontro-Te a cada passo; esqueço-Te e Te ignoro, no entanto ouço-Te em toda a minha palpitação. Não sei individuar-Te, mas gravito em torno de Ti, como gravitam todas as coisas, em busca de Ti, centro do universo.

Potência invisível que diriges os mundos e as vidas; em Tua essência estás acima de toda a minha concepção. Que serás Tu, que não sei descrever nem definir, se apenas o reflexo de Tuas obras me cega? Que serás Tu, se já me assombra a incomensurável complexidade desta Tua emanação, pequena centelha espiritual que me anima integralmente? O homem Te busca na ciência, invoca-Te na dor, Te bendiz na alegria. Mas na grandiosidade de Tua potência, como na bondade de Teu amor, estás sempre além, além de todo o pensamento humano, acima das formas e do "vir-a-ser", um lampejo no infinito.

No ribombar da tempestade está Deus; na carícia do humilde, está Deus; na evolução do turbilhão atômico, na arrancada das formas dinâmicas, na vitória (gênese) da vida e do espírito, está Deus. Na alegria e na dor, na vida e na morte, no bem e no mal, está Deus; um Deus sem limites, que tudo abarca, estreita e domina, até mesmo as aparências dos contrários, que guia para seus fins supremos.

E o ser sobe, de forma em forma, ansioso por conhecer-Te, buscando uma realização cada vez mais completa de Teu pensamento, tradução em ato de Tua essência.

Adoro-Te, supremo princípio do Todo, em Teu revestimento de matéria, em Tua manifestação de energia; no inexaurível renovar-se de formas sempre novas e sempre belas; eu Te adoro, Conceito sempre novo e bom e belo, inesgotável Lei animadora do universo.

Adoro-Te grande Todo, ilimitado além de todos os limites de meu ser. Nesta adoração, aniquilo-me e me alimento, humilho-me e me incendeio; fundo-me na grande Unidade, e coordeno-me na grande Lei, a fim de que minha ação seja sempre harmonia, ascensão, oração, amor...

Pietro Ubaldi