Vós sois deuses
Vós sois deuses, lembrou-nos o Mestre de Nazaré,
referindo-se à nossa condição de seres imortais.
Podeis fazer tudo que faço e muito mais, acrescentou ainda.
Recordamos-lhe a vida e O vemos andando pelas estradas,
atendendo o povo, sem cansaço.
O povo, a Sua paixão. Onde se manifestasse a dor, ei-lO a
espalhar o consolo.
Ele adentra Naim e deparando-se com um cortejo fúnebre que
levava ao sepulcro um corpo jovem, compadece-se da mãe em prantos.
Estanca o passo dos homens e ordena ao moço, que estava em
sono letárgico, que se erga, devolvendo-o à mãe, agora em júbilo.
Ele convive com a má vontade e a ignorância dos homens. Ouve
as perguntas, tolas por vezes, que lhe são dirigidas e as responde, elucidando.
Vai à casa dos apontados como corruptos, serve-se do momento
para ensinar o bem, sem macular-se.
Ergue a mulher equivocada de Magdala, convidando-a à
reformulação íntima.
Recebe-lhe as demonstrações de carinho e ternura, mas
insiste no convite à mudança de atitude.
Imparcial, sempre. Sereno, também.
Devolve a vista ao cego de nascença e lhe recomenda nada
dizer a ninguém.
Como se pudesse o beneficiado deter a cascata de alegrias de
que se revestiu.
Liberta o homem de Gadara de legião, os Espíritos que o
atormentavam.
Aponta diretrizes renovadas à samaritana, no poço de Jacó e
lhe possibilita o crescimento espiritual.
Da virtude que emana de Seu Espírito oferta a cura ao
problema hemorrágico da mulher das distantes terras de Cesareia de Felipe.
Entra, triunfante, em Jerusalém, sem, no entanto, prender-se
às efêmeras manifestações de júbilo com que o recebe o povo.
Podeis fazer muito mais...
* * *
Obediente à afirmação do Cristo, Albert Schweitzer
embrenhou-se no coração da África equatorial francesa e se dedicou aos seus
irmãos negros.
Construiu seu hospital do nada, praticamente com as próprias
mãos. Tudo para atender os pacientes africanos atacados de todas as doenças,
desde lepra até elefantíase.
Foi-lhes médico, pastor, professor. Suportou-lhes a
ignorância que os fazia comer os unguentos receitados para enfermidades da
pele.
Ou beber de uma vez o vidro de medicamento destinado a durar
semanas. Ou quando tentavam envenenar outros internados.
Quando o silêncio descia sobre o resto do acampamento, ele
trabalhava até meia-noite ou mais tarde ainda, escrevendo ou respondendo
cartas.
Quando partiu para a África, Schweitzer pensou que estava
abandonando para sempre as coisas que lhe eram mais caras: a arte e o ensino.
Mas sempre teve um piano consigo e assim pôde manter em dia
sua música. Suas gravações de Bach em órgão obtiveram grande êxito.
Cada vez que voltava à civilização, fazia uma longa série de
conferências, tendo sido homenageado por inúmeras universidades.
Além disso, trabalhando à noite, manteve uma produção
literária constante.
Os homens lhe reconheceram a grandeza. Ele recebeu o Prêmio
Nobel da Paz, em 1952.
Vós sois deuses... Podeis fazer muito mais...
Schweitzer fez. Que podemos nós realizar?
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com transcrição
do Evangelho de João, cap. 10, versículo 34 e
cap. 14, versículo 12.
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