RESUMO DA LEI DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS
por ALLAN KARDEC
Tradução: SALVADOR GENTILE
As pessoas alheias ao Espiritismo, não lhe compreendendo nem os objetivos nem os fins, dele fazem, quase sempre, uma ideia completamente falsa. O que lhe falta, sobretudo, é o conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenômenos; à falta disso, o que veem e o que ouvem é sem proveito e mesmo sem interesse para elas. A experiência tem demonstrado que apenas a visão ou o relato dos fenômenos não bastam para convencer. Aquele mesmo que é testemunha de fatos capazes de confundirem, fica mais espantado do que convencido; quanto mais o efeito parece extraordinário, mais dele se suspeita. Somente um estudo prévio sério pode conduzir à convicção; frequentemente, basta para mudar inteiramente o curso das ideias. Em todos os casos, é indispensável para compreensão dos mais simples fenômenos. À falta de uma instrução completa, um resumo sucinto da lei que rege as manifestações bastará para fazer considerar as coisas sob seu verdadeiro aspecto, para as pessoas que nela ainda não estão iniciadas. É o primeiro passo que damos na pequena instrução adiante.
Esta instrução foi feita, sobretudo, tendo em vista as pessoas que não possuem nenhuma noção do Espiritismo. Nos grupos ou reuniões espíritas, onde se encontrem assistentes noviços, pode servir, utilmente, de preâmbulo às sessões, segundo as necessidades.
1. O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.
2. Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa; de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos. Negar os Espíritos seria negar a alma.
3. Geralmente, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns o creem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.
4. Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório: um pesado, gros-seiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O pe-rispírito é o laço que une a alma e o corpo; é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir, e percebe as sensações experimentadas pelo corpo.
A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito se-parados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
5. A morte é a destruição do envoltório corporal; a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida; mas conserva seu corpo fluídico ou peris-pírito.
A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o prendia à Terra e o fazia sofrer; uma vez livre desse fardo, não tem senão seu corpo etéreo que lhe permite percorrer o espaço e vencer as distâncias com a rapidez do pensamento.
6. Os Espíritos povoam o espaço; eles constituem o mundo invisível que nos rodeia, no meio do qual vivemos, e com o qual estamos, sem cessar, em contato.
7. Os Espíritos têm todas as percepções que tinham na Terra, mas num mais alto grau, porque suas faculdades não estão mais amortecidas pela matéria; têm sensações que nos são desconhecidas; veem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos permitem nem ver e nem ouvir. Para eles não há obscuridade, salvo para aqueles cuja punição é estar temporariamente nas trevas. Todos os nossos pensamentos repercutem neles, que os leem como em um livro aberto; de sorte que aquilo que podemos ocultar a alguém vivo, não poderemos mais desde que seja um Espírito.
8. Os Espíritos conservam as afeições sérias que tiveram na Terra; eles se comprazem em voltar para junto daqueles que amaram, sobretudo, quando são atraídos por pensamentos e sentimentos afetuosos que lhes dirigem, ao passo que são indiferentes para com aqueles que não lhes têm se-não a indiferença.
9. Uma ideia quase geral entre as pessoas que não conhecem o Espiritismo é crer que os Espíritos, somente porque estão livres da matéria, tudo devem saber e possuírem a soberana sabedoria. Aí está um erro grave.
Os Espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não adquirem a perfeição deixando seu en-voltório terrestre. O progresso do Espírito não se realiza senão com o tempo, e não é senão su-cessivamente que ele se despoja de suas imperfeições, que adquire os conhecimentos que lhe fal-tam. Seria tão ilógico admitir que o Espírito de um selvagem ou de um criminoso se torne, de re-pente, sábio e virtuoso, quanto seria contrário à justiça de Deus pensar que ele permanecesse perpetuamente na inferioridade.
Como há homens de todos os graus de saber e de ignorância, de bondade e de maldade, ocorre o mesmo com os Espíritos. Há os que são apenas levianos e traquinas, outros são mentirosos, tra-paceiros, hipócritas, maus, vingativos; outros, ao contrário, possuem as mais sublimes virtudes e o saber num grau desconhecido na Terra. Essa diversidade na qualidade dos Espíritos é um dos pontos mais importantes a se considerar, porque explica a natureza boa ou má das comunicações que se recebem; é em distingui-las que é preciso, sobretudo, se aplicar.
(O Livros dos Espíritos, nº 100, Escala Espírita. - O Livro dos Médiuns, cap. XXIV.)
10. Os Espíritos podem se manifestar de maneiras bem diferentes: pela visão, pela audição pelo toque, pelos ruídos, pelos movimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc. Eles se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para cada gênero de manifestação, e que se distinguem sob o nome de médiuns.
É assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos, de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, etc. Entre os médiuns escreventes, há numerosas variedades, segundo a natureza das comunicações que estão aptos a receber.
11. O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes; nenhuma matéria lhe opõe obstáculo. É por isso que os Espíritos pe-netram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados; é uma ideia ridícula crer-se que eles se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo de uma chaminé.
12. O perispírito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser matéria etérea. O Espírito pode, em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível; assim é que se produzem as aparições. Esse fenômeno não é mais ex-traordinário do que o do vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando está condensado.
Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
13. É com a ajuda do seu perispírito, que o Espírito atua sobre seu corpo vivo; é ainda com esse mesmo fluido que ele se manifesta atuando sobre a matéria inerte, que produz os ruídos, os mo-vimentos de mesas e outros objetos, que ergue, tomba ou transporta. Esse fenômeno nada tem de surpreendente se se considera que, entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluidos os mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade.
É igualmente com a ajuda do seu perispírito que o Espírito faz os médiuns escreverem, falarem, ou desenharem; não tendo mais corpo tangível para atuar ostensivamente quando quer se mani-festar, ele se serve do corpo do médium, de quem empresta os órgãos que faz atuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
14. No fenômeno designado sob o nome de mesas girantes ou falantes, é pelo mesmo meio que o Espírito atua sobre a mesa, seja para fazê-la mover sem significação determinada, seja para fazê-la dar golpes inteligentes indicando as letras do alfabeto, para formar palavras e frases, fenômeno designado sob o nome de tiptologia. A mesa não é aqui senão um instrumento do qual ele se ser-ve, como o faz com o lápis para escrever; lhe dá uma vitalidade momentânea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele não se identifica com ela. As pessoas que, em sua emoção, vendo se ma-nifestar um ser que lhes é caro, abraçam a mesa, praticam um ato ridículo, porque é absolutamente como se elas abraçassem o bastão do qual um amigo se serve para dar pancadas.
Ocorre o mesmo com aqueles que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito estivesse encer-rado na madeira, e como se a madeira tivesse se tornado espírito.
Quando as comunicações ocorrem por esse meio, é preciso imaginar o Espírito não na mesa, mas ao lado, tal como estaria se estivesse vivo, e tal como se o veria se, nesse momento, pudesse se tornar visível.
A mesma coisa ocorre nas comunicações pela escrita; ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, di-rigindo sua mão, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma corrente fluídica.
15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue a com força do braço, mas a envolve e a penetra com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar o faz para os balões e os papagaios de papel. O fluido do qual está penetrada lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior. Quando ela está pregada no solo, está num caso análogo ao da campana pneumática sob a qual se faz o vácuo. Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos, e não a similitude absoluta das causas.
Compreende-se, depois disso, que não é mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de transportar um objeto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte; esse fenômenos se produzem pela mesma lei.
Quando a mesa persegue alguém, não é o Espírito que passeia, porque ele pode permanecer tran-quilamente no mesmo lugar, mas é quem lhe dá impulso por uma corrente fluídica com a ajuda da qual a faz mover-se à sua vontade.
Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o Espírito não bate com a sua mão, nem com um objeto qualquer; dirige sobre o ponto de onde parte o ruído, um jato de fluido que pro-duz o efeito de um choque elétrico. Ele modifica o ruído, como se podem modificar os sons pro-duzidos pelo ar.
16. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, sem dúvida, se presta à suspei-ção e à fraude, mas nada prova contra a possibilidade do fato.
Sabe-se que, na química, há combinações que não se podem operar sob a luz; que composições e decomposições ocorrem sob a ação do fluido luminoso; ora, sendo todos os fenômenos espíritas o resultado da combinação dos fluidos próprios do Espírito e do médium, e esses fluidos sendo da matéria, nada há de espantoso de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrário a essa combinação.
17. Os Espíritos superiores não se ocupam das comunicações inteligentes senão tendo em vista a nossa instrução; as manifestações físicas ou puramente materiais, estão mais especialmente nas atribuições dos Espíritos inferiores, vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como, entre nós, as habilidades dizem respeito aos saltimbancos e não aos sábios.
18. Os Espíritos são livres; se manifestam quando querem, a quem lhes convêm, e também quando podem, porque não têm sempre a possibilidade. Eles não estão às ordens e ao capricho de quem quer que seja, e não é dado a ninguém fazer com que venham contra sua vontade, nem fazê-los dizer o que querem calar; de sorte que ninguém pode afirmar que um Espírito qualquer virá ao seu chamado em um momento determinado, ou responderá a tal ou tal pergunta. Dizer o contrário, é provar ignorância absoluta dos princípios mais elementares do Espiritismo; só o charlatanismo tem fontes infalíveis.
19. Há pessoas que obtêm regularmente, e de alguma forma à vontade, a produção de certos fe-nômenos; mas, há que se anotar que esses são sempre efeitos puramente físicos, mais curiosos do que instrutivos, e que se produzem constantemente em condições análogas. As circunstâncias nas quais são obtidos, são de natureza a inspirarem dúvidas tanto mais legítimas sobre sua realidade quando são geralmente objetos de uma exploração, e, frequentemente, quando é difícil distinguir a mediunidade real da prestidigitação. Os fenômenos desse gênero, entretanto, podem ser o pro-duto de uma mediunidade verdadeira, porque pode ocorrer que Espíritos de baixo estágio, que talvez tinham tido esse ofício, se comprazam nessas espécies de exibições; mas seria absurdo pensar que os Espíritos, por pouca que seja sua elevação, se alegrem em se exibirem.
Isso não infirma em nada o princípio da liberdade dos Espíritos; aqueles que vêm, o fazem porque isso lhes agrada, mas não porque sejam constrangidos, e do momento que não lhes convenha mais vir, se o indivíduo for verdadeiro médium, nenhum efeito se produzirá. Os mais poderosos médiuns de efeitos físicos ou outros, têm tempos de interrupção, independentemente de sua von-tade; os charlatães não os têm jamais.
De resto, esses fenômenos, supondo-os reais, são apenas uma aplicação muito parcial da lei que rege as relações do mundo corporal com o mundo espiritual, mas não constituem o Espiritismo; de sorte que sua negação não infirmaria em nada os princípios gerais da Doutrina.
20. Certas manifestações espíritas se prestam, bem facilmente, a uma imitação mais ou menos grosseira; mas do fato de que puderam ser explorados, como tantos outros fenômenos, pela char-latanice e pelo prestidigitação, seria absurdo disso concluir que elas não existam. Para aquele que estudou e conhece as condições normais nas quais elas podem se produzir, é fácil distinguir a i-mitação da realidade; a imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode enganar senão o ignorante incapaz de apreender as nuanças características do fenômeno verdadeiro.
21. As manifestações mais fáceis de serem imitadas, são certos efeitos físicos, e os efeitos inteli-gentes vulgares, tais como os movimentos, as pancadas, os transportes, a escrita direta, as respos-tas banais, etc.; não ocorre o mesmo com as comunicações inteligentes de uma alta importância, ou na revelação de coisas notoriamente desconhecidas do médium; para imitar os primeiros não é preciso senão a destreza; para simular os outros é preciso, quase sempre, uma instrução pouco comum, uma superioridade intelectual fora de série e uma faculdade de improvisação, por assim dizer, universal, ou o dom da adivinhação.
22. As produções de espectros nos teatros foram apresentadas, injustamente, como tendo relações com a aparição de Espíritos, das quais são apenas uma grosseira e imperfeita imitação. É preciso ignorar os primeiros elementos do Espiritismo para ver nisso a menor analogia, e crer que é disso que se ocupa nas reuniões espíritas. Os Espíritos não se tornam visíveis ao comando de ninguém, mas por sua própria vontade, nas condições especiais que não estão no poder de quem quer que seja provocar.
23. As evocações espíritas não consistem, como alguns imaginam, em fazer voltar os mortos com um aspecto lúgubre da tumba. Não é senão nos romances, nos contos fantásticos de fantasmas e no teatro que se veem os mortos descarnados saírem de seus sepulcros vestidos de lençóis e fazendo estalar seus ossos. O Espiritismo, que jamais fez milagres, tanto esse como outros, jamais fez reviver um corpo morto; quando o corpo está na cova, aí está definitivamente; mas o ser espiritual, fluídico, inteligente, aí não está metido com seu envoltório grosseiro; dele se separou no momento da morte, e uma vez operada a separação não tem mais nada de comum com ele.
24. A crítica malevolente procura representar as comunicações espíritas como cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia. Diremos simplesmente que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias, nem horas, nem lugares mais propícios uns do que os outros; que não é preciso para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas; e não há necessidade de nenhuma preparação, de nenhuma iniciação; que o emprego de qualquer sinal ou objeto material, seja para atraí-los, seja para afastá-los, não tem efeito e o pensamento basta; enfim, que os médiuns recebem suas comunicações tão simplesmente e tão naturalmente como se fossem ditadas por uma pessoa viva, sem sair do estado normal. Só o charlatanismo poderia tomar maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos.
A evocação dos Espíritos se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento; é a única coisa recomendada às pessoas sérias que querem ter relações com Espíritos sérios.
25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos Espíritos que se manifestam. Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos avançados que progrediram; os que provam a igno-rância e as más qualidades, são Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo.
Os Espíritos não podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ade-mais, sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar, uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer.
26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Se ele for sábio, confes-sará a sua ignorância sobre o que não sabe; se for leviano ou mentiroso, responderá sobre tudo sem se importar com a verdade; se for orgulhoso, dará a sua ideia como verdade absoluta. Have-ria, pois, imprudência e leviandade em aceitar, sem controle, tudo o que vem dos Espíritos. Por isso, é essencial estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe. (O Livro dos Médiuns, nº 257.)
27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; é concisa e sem palavras inúteis. Entre os Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vazio das ideias, quase sempre, é compensado pela abundância das palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância são sinais incontestáveis de inferio-ridade em um Espírito.
28. O objetivo providencial das manifestações, é convencer os incrédulos de que tudo não termi-na, para o homem, com a vida terrestre, e de dar os crentes ideias mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o nosso melhoramento e o nosso adiantamento, e não para nos revelar o que não devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho. Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas as dificulda-des científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas, todo ignorante poderia tornar-se sábio facilmente, e todo preguiçoso poderia se enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam o homem de gênio pela inspiração oculta, mas não o isentam nem do trabalho das pesquisas, a fim de deixar-lhe o mérito.
29. Seria fazer uma ideia bem falsa dos Espíritos vendo neles apenas os auxiliares dos ledores de sorte; os Espíritos sérios recusam-se ocupar de coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas; é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das perguntas que se podem dirigir aos Es-píritos.
(O Livro dos Médiuns, nº 286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos)
30. As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à atividade do homem. Seria em vão que tentar-se-ia empregá-las para conhecer o futuro, descobrir tesouros ocultos, recuperar heranças, ou encontrar meios de se enriquecer. Sua utilidade está nas consequências morais que dela decorrem; mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto à filosofia.
31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de qualquer natureza que sejam, nada têm de sobrenatural nem de maravilhoso. São fenômenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo corporal e do mundo espiritual, lei também tão na-tural como a da eletricidade, da gravidade, etc. O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos faz conhecer a lei do movimento, a ótica a da luz. As manifestações espíritas, estando na Natureza, produziram-se em todas as épocas; a lei que as rege, sendo conhecida, nos explica uma série de problemas considerados insolúveis; é a chave de uma multi-dão de fenômenos explorados e aumentados pela superstição.
32. Estando o maravilhoso completamente descartado, esses fenômenos nada mais têm que re-pugne à razão, porque vêm tomar lugar ao lado dos outros fenômenos naturais. Nos tempos da ignorância, todos os efeitos dos quais não se conhecia a causa eram reputados sobrenaturais; as descobertas da ciência restringiram sucessivamente o círculo do maravilhoso; o conhecimento dessa nova lei veio reduzi-lo a nada. Aqueles, pois, que acusam o Espiritismo de ressuscitar o maravilhoso, provam, por isso mesmo, que falam de uma coisa que não conhecem.
33. O médium não possui senão a faculdade de se comunicar; a comunicação efetiva depende da vontade dos Espíritos. Se os Espíritos não querem se manifestar, o médium nada obtém; é como um instrumento sem músico.
34. A facilidade das comunicações depende do grau de afinidade que existe entre os fluidos do médium e do Espírito. Cada médium está, assim, mais ou menos apto para receber a impressão ou impulso do pensamento de tal ou tal Espírito; ele pode ser um bom instrumento para um e mau para um outro. Disso resulta que, dois médiuns igualmente bem dotados, estando um ao lado do outro, um Espírito poderá se manifestar por um e não pelo outro.
É, pois, um erro crer que basta ser médium para receber com igual facilidade as comunicações de todo Espírito. Não existem médiuns universais. Os Espíritos procuram, de preferência, os ins-trumentos que vibrem em uníssono com eles.
Sem a harmonia, que só a assimilação fluídica pode proporcionar, as comunicações são impossí-veis, incompletas ou falsas. Podem ser falsas porque, à falta do Espírito desejado, não faltam ou-tros, prontos para aproveitarem a ocasião de se manifestarem, e que pouco se importam em dizer a verdade.
35. Um dos maiores escolhos da mediunidade, é a obsessão, quer dizer, o império que certos Es-píritos podem exercer sobre os médiuns, impondo-se a eles sob nomes apócrifos e impedindo-os de se comunicarem com outros Espíritos.
36. O que constitui o médium, propriamente dito, é a faculdade; sob esse aspecto, ele pode estar mais ou menos formado, mais ou menos desenvolvido. O que constitui o médium seguro, o que se pode verdadeiramente qualificar de bom médium, é a aplicação da faculdade, a aptidão de servir de intérprete dos bons Espíritos. (O Livro dos Médiuns, cap. XXIII.)
37. A mediunidade é uma faculdade essencialmente móvel e fugidia, pela razão de estar subordi-nada à vontade dos Espíritos; por isso é que está sujeita a intermitências. Esse motivo, e o princí-pio mesmo segundo o qual se estabelece a comunicação, são os obstáculos a que se torne uma profissão lucrativa, uma vez que não poderia ser nem permanente, nem aplicável a todos os Espí-ritos, e porque poderia faltar no momento em que dela se tivesse necessidade. Aliás, não é racio-nal admitir que os Espíritos sérios se coloquem à disposição da primeira pessoa que os queira explorar.
38. A propensão dos incrédulos, geralmente, é suspeitar da boa fé dos médiuns, e supor o empre-go de meios fraudulentos. Além de que, no entendimento de certas pessoas essa suposição é inju-riosa, é preciso, antes de tudo, perguntar qual interesse poderiam eles ter para enganarem e diver-tirem ou representarem a comédia. A melhor garantia de sinceridade está no desinteresse absolu-to, porque aí onde nada tem a ganhar, o charlatanismo não tem razão de ser.
Quanto à realidade dos fenômenos, cada um pode constatá-la, se se coloca nas condições favorá-veis, e se aplica a paciência na observação dos fatos, a perseverança e a imparcialidade necessária.
39. Os Espíritos são atraídos pela simpatia, a semelhança dos gostos e de caracteres, a intenção que faz desejar a sua presença. Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, do mesmo modo que um sábio da Terra não iria numa assembleia de jovens estouvados. O simples bom senso diz que não pode ser de outra forma; ou, se aí vão algumas vezes, é para dar um conselho salutar, combater os vícios, procurar conduzir para o bom caminho; se não são escutados, retiram-se.
Seria ter uma ideia completamente falsa, crer que os Espíritos sérios possam se comprazer em responder a futilidades, a perguntas ociosas que não provam nem afeição, nem respeito por eles, nem desejo real, nem instrução, e ainda menos que possam vir dar espetáculo para divertimento dos curiosos. O que não faziam quando vivos, não podem fazê-lo depois da sua morte.
40. A frivolidade das reuniões tem por resultado atrair os Espíritos levianos que não procuram senão ocasiões de enganarem e de mistificarem. Pela mesma razão que os homens graves e sérios não vão às assembleias levianas, os Espíritos sérios vão apenas às reuniões sérias, cujo objetivo é a instrução e não a curiosidade; é nas reuniões desse gênero que os Espíritos superiores gostam de dar seus ensinamentos.
41. Do que precede resulta que, toda reunião espírita, para ser proveitosa, deve, como primeira condição, ser séria e recolhida; que tudo deve se passar nela respeitosamente, religiosamente e com dignidade, se se quer obter o concurso habitual dos bons Espíritos. É preciso não esquecer que, se esses mesmos Espíritos aí se fizessem presentes quando vivos, ter-se-ia por eles conside-rações às quais têm ainda mais direito depois da sua morte.
42. Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para con-vencer os incrédulos, é a um resultado muito oposto que se chega. O incrédulo, já levado a zom-bar das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo do qual se faz um diverti-mento; não pode ser levado a respeitar o que não lhe é apresentado de maneira respeitável; tam-bém das reuniões fúteis e levianas, nas quais não há nem ordem, nem gravidade, nem recolhi-mento, ele leva sempre má impressão. O que pode, sobretudo, convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara; diante de suas palavras graves e solenes, diante das revelações íntimas, é que se o vê emocionar-se e fraquejar. Mas, pelo fato de que há mais respeito, ve-neração, afeição pela pessoa cuja alma se lhe apresenta, ele fica chocado, escandalizado, de vê-la chegar a uma assembleia sem respeito, no meio de mesas que dançam e da pantomima dos Espí-ritos levianos; por incrédulo que seja, sua consciência repele essa mistura do sério e do frívolo, do religioso e do profano, por isso taxa tudo isso de charlatanice, e, frequentemente, sai menos convencido do que quando entrou.
As reuniões dessa natureza, fazem sempre mais mal do que bem, porque afastam da Doutrina mais pessoas do que a ela conduzem, sem contar que se prestam a motivar a crítica dos detratores, que nela encontram motivos fundados de zombaria.
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domingo, 4 de julho de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
Alerta a todos - marcha da maconha
Pessoal, estes irmãos abrem perigosíssimo precedente. Pleiteam “liberdade para plantar sua ervinha”, “responsabilidade”, “desvinculação dos traficantes”, descriminalização, etc.
Sabemos que são artimanhas, ciladas para pegar os incautos. Sabemos também que o indivíduo não consome "sozinho" a droga. Há a extrapolação. Além da contraparte espiritual presente, em simbiose, a sociedade, a família ou as pessoas que o cercam acabam arcando também com este nefasto ônus. Basta dar uma olhada nas clínicas especializadas e nos Centros de Recuperação para drogados, mantidos a duras penas por abnegados irmãos!
É mais do que notório que a maconha é droga de grande periculosidade, tanto em nível mental, físico e espiritual.
Só para citar um malefício, seu componente ativo THC - delta-9- tetraidrocanabinol, atua no cérebro do usuário causando, dentre outros males, infertilidade e impotência sexual. E é a porta de entrada, o “vestibular” para drogas mais pesadas, com toda sua enxurrada de desgraças.
Os traficantes estão dando vivas a este movimento, sob o beneplácito de um grupo de equivocados e espertalhões, aproveitadores do vício alheio, em nome da “liberdade” para “queimar um fuminho”...
Agora este grupo quer fazer esta famigerada marcha aqui em Brasília também.
Peço em nome de Deus - presente na consciência de cada um de nós – que os irmãos de qualquer credo, sejam os irmãos protestantes, católicos, espíritas e espiritualistas, muçulmanos, judeus, xintoístas, budistas, Hare Krishnas, brâmanes, minimalistas, indigenistas, bahaistas, hinduístas, da Seicho-no-iê, sincretistas, xamãs, agnósticos e ateus, dentre outros, possam se unir, por orações ou atos, a fim de protestar ou clamar para que tal marcha não se realize aqui ou em qualquer lugar... E a polícia? Eles a chamam para seu lado, sob o pretexto de que a guerra das drogas mata mais que uma “simples” overdose...
O planeta agoniza, as sociedades terrenas se desorientam mais e mais e grupos oportunistas como este ampliam mais o tamanho do poço, com o fundo cada vez mais longe... Quem ganha com isto? Todos perdemos... Reiteramos, olhem as clínicas e os Centros de Recuperação, abarrotados, quase “depósitos” humanos, com milhares de famílias desventuradas...
Este é o protesto de um irmão em humanidade, preocupado com todas as nossas famílias, e rogando ao Criador por piedade e proteção a todos nós...
Álvaro César de Araújo
Brasília- DF
Ministro Carlos Minc participa de marcha pela legalização da maconha no Rio
Mais de mil pessoas, entre elas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participaram neste sábado, 09/05/09, da chamada "Marcha da Maconha", uma manifestação que aconteceu em Ipanema, no Rio de Janeiro, e em outras 250 cidades do mundo para pedir a legalização do uso da planta.
A manifestação mais intensa no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, onde cerca de 1,2 mil pessoas se reuniram a favor da descriminalização do uso da maconha e marcharam pela praia de Ipanema.
Também foi grande a manifestação em Porto Alegre, onde cerca de 500 pessoas se reuniram com o mesmo objetivo, assim como em Belo Horizonte e Juiz de Fora.
Em todos os casos, os manifestantes repudiaram a decisão de tribunais regionais, que proibiram a marcha em várias cidades do país por considerá-la apologia ao uso de drogas ilícitas.
Sabemos que são artimanhas, ciladas para pegar os incautos. Sabemos também que o indivíduo não consome "sozinho" a droga. Há a extrapolação. Além da contraparte espiritual presente, em simbiose, a sociedade, a família ou as pessoas que o cercam acabam arcando também com este nefasto ônus. Basta dar uma olhada nas clínicas especializadas e nos Centros de Recuperação para drogados, mantidos a duras penas por abnegados irmãos!
É mais do que notório que a maconha é droga de grande periculosidade, tanto em nível mental, físico e espiritual.
Só para citar um malefício, seu componente ativo THC - delta-9- tetraidrocanabinol, atua no cérebro do usuário causando, dentre outros males, infertilidade e impotência sexual. E é a porta de entrada, o “vestibular” para drogas mais pesadas, com toda sua enxurrada de desgraças.
Os traficantes estão dando vivas a este movimento, sob o beneplácito de um grupo de equivocados e espertalhões, aproveitadores do vício alheio, em nome da “liberdade” para “queimar um fuminho”...
Agora este grupo quer fazer esta famigerada marcha aqui em Brasília também.
Peço em nome de Deus - presente na consciência de cada um de nós – que os irmãos de qualquer credo, sejam os irmãos protestantes, católicos, espíritas e espiritualistas, muçulmanos, judeus, xintoístas, budistas, Hare Krishnas, brâmanes, minimalistas, indigenistas, bahaistas, hinduístas, da Seicho-no-iê, sincretistas, xamãs, agnósticos e ateus, dentre outros, possam se unir, por orações ou atos, a fim de protestar ou clamar para que tal marcha não se realize aqui ou em qualquer lugar... E a polícia? Eles a chamam para seu lado, sob o pretexto de que a guerra das drogas mata mais que uma “simples” overdose...
O planeta agoniza, as sociedades terrenas se desorientam mais e mais e grupos oportunistas como este ampliam mais o tamanho do poço, com o fundo cada vez mais longe... Quem ganha com isto? Todos perdemos... Reiteramos, olhem as clínicas e os Centros de Recuperação, abarrotados, quase “depósitos” humanos, com milhares de famílias desventuradas...
Este é o protesto de um irmão em humanidade, preocupado com todas as nossas famílias, e rogando ao Criador por piedade e proteção a todos nós...
Álvaro César de Araújo
Brasília- DF
Ministro Carlos Minc participa de marcha pela legalização da maconha no Rio
Mais de mil pessoas, entre elas o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, participaram neste sábado, 09/05/09, da chamada "Marcha da Maconha", uma manifestação que aconteceu em Ipanema, no Rio de Janeiro, e em outras 250 cidades do mundo para pedir a legalização do uso da planta.
A manifestação mais intensa no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, onde cerca de 1,2 mil pessoas se reuniram a favor da descriminalização do uso da maconha e marcharam pela praia de Ipanema.
Também foi grande a manifestação em Porto Alegre, onde cerca de 500 pessoas se reuniram com o mesmo objetivo, assim como em Belo Horizonte e Juiz de Fora.
Em todos os casos, os manifestantes repudiaram a decisão de tribunais regionais, que proibiram a marcha em várias cidades do país por considerá-la apologia ao uso de drogas ilícitas.
sábado, 17 de abril de 2010
Figuras de Linguagem
Introdução
Praticamente em todas as situações de nossa vida temos à disposição palavras e expressões que traduzem as nossas sensações e emoções. Mas nem sempre utilizamos as mesmas palavras e expressões em todas as situações que vivemos.
Para as situações comuns, corriqueiras, temos um determinado número de palavras e expressões que traduzem muito bem aquilo que queremos comunicar. Elas vêm automaticamente à nossa cabeça e são facilmente entendidas por todos.
Mas existem situações em que essas palavras e frases corriqueiras não conseguem traduzir com exatidão aquilo que estamos sentindo.
Através desse modo de dizer, diferente do comum, procuramos enfatizar as nossas sensações.
As figuras de linguagem servem exatamente para expressar aquilo que a linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente. São uma forma de o homem assimilar e expressar experiências diferentes, desconhecidas e novas. Por isso, elas revelam muito da sensibilidade de quem as produz; forma de como cada indivíduo encara as suas experiências no mundo.
Índice
1. Figuras de Palavras
• Comparação Simples
• Comparação Metafórica
• Metáfora
• Catacrese
• Sinestesia
• Metonímia
• Sinédoque
• Antonomásia
2. Figuras Sintáticas ou de construção
• Silepse
• Elipse
• Zeugma
• Assíndeto
• Polissíndeto
• Anáfora
• Pleonasmo
• Hiperbato
• Anacoluto
3. Figuras de Pensamento
• Antítese
• Paradoxo
• Ironia
• Perífrase
• Eufemismo
• Hipérbole
• Gradação
• Prosopopéia
• Apóstrofe
4. Figuras de som ou de Harmonia
• Aliteração
• Assonância
• Paronomasia
• Onomatopéia
5. Conclusão
6. Bibliografia
Figuras de linguagem
Palavra ou grupo de palavras utilizadas para dar ênfase a uma ideia ou sentimento. As mais difundidas são as seguintes:
Figuras de Palavras
(TROPOS)
As figuras de palavras consistem no emprego de um termo em um sentido diferente daquele em que esse termo é convencionalmente empregado.
Por exemplo, convencionalmente, o termo “porta” designa uma peça de madeira ou que gira sob dobradiças que tem a função ao de fechar móveis, automóveis e construções, etc. Mas quando dizemos: “Fulano não entende nada. “Ele é uma porta”, o termo “porta” não se referindo aquela peça de madeira ou de metal. Nesse caso, a palavra porta está sendo utilizada num sentido diferente do convencional, para definir a dificuldade de compreensão, a burrice do Fulano. Outro exemplo:” a porta dos sentimentos". É claro que a palavra, também. neste caso, não está sendo utilizada no seu sentido convencional. "Errar a porta”, nesta frase, sugere um ganho, uma desilusão. Nesses dois casos temos figuras de palavras.
Há casos também em que um termo, que originalmente designa alguma coisa especifica, tem seu sentido ampliado, passando a designar algo genérico. Temos exemplo do “Danone”. O nome do produto é iogurte; Danone é a marca do iogurte produzido por um determinado fabricante. Mas a marca foi identificada de tal forma com o produto que, em vez de dizermos “Vou comprar um iogurte", freqüentemente dizemos “Vou comprar um Danone”, mesmo quando o iogurte que compramos é de outra marca (Vigor, Pauli, Batavo, etc.). A palavra “Danone", que designava um tipo de iogurte, teve seu significado ampliado e passou a designar o produto de uma forma geral.
As figuras de palavras podem ser utilizadas tanto para tornar mais expressivo aquilo que queremos comunicar quanto para suprir a falta de um termo adequado que designe alguma coisa. Além disso, elas fazem com que a língua se torne mais econômica, uma vez que uma única palavra, dependendo do contexto, pode assumir os mais diferentes significados.
A seguir, veremos cada uma das principais figuras de palavras.
COMPARAÇÃO SIMPLES
Comparação simples e uma comparação entre dois elementos de um mesmo universo. É muito comum compararmos as coisas que nos rodeiam. Frequentemente dizemos que tal coisa é melhor que outra, que fulano é mais simpático do que beltrano, assim por diante. Comparar é uma forma de organizar nossas experiências no mundo. Sempre que temos que escolher alguma coisa, fazemos uma comparação antes de tomar a decisão. E essa comparação é feita muitas vezes sem que percebamos. Por exemplo, quando vamos a um restaurante. No cardápio, temos agrupados as bebidas, os pratos e as sobremesas. Olhamos o grupo das bebidas, comparamos e escolhemos a que mais nos agrada; o mesmo acontece em relação aos pratos e às sobremesas. E para escolher, utilizamos os nossos critérios. Se temos pouco dinheiro, o critério será o preço. Se estivermos com muita fome, provavelmente escolheremos o prato pelo seu tamanho.
Pensamos deste modo:
Macarrão é mais barato do que carne. Então, eu vou pedir macarrão.
Nesse caso comparamos o macarrão à carne, utilizando o critério preço.
Um prato de macarrão vai matar mais a minha fome do que um prato de carne.
Comparamos o macarrão à carne, utilizando o critério que mata mais a fome. Em ambos os casos, estamos comparando elementos de um mesmo universo: tanto o macarrão quanto a carne são comidas.
Observe outras comparações entre elementos de mesmo universo:
Este time joga melhor do que aquele.
Um fusca é menos espaçoso do que um Opala.
Cristina é tão estudiosa quanto Paula.
O meu caderno tem mais páginas do que o seu.
COMPARAÇÁO METAFÓRICA
(OU SÌMILE)
Comparação metafórica ou símile é uma comparação entre dois elementos de universos diferentes.
Observe:
Esta criança é forte como um touro.
Nesse caso, estamos comparando a criança a um touro, dois elementos de universos bastante diferentes. Aproximamos esses elementos porque “enxergamos” uma característica comum a ambos, ou seja, a força.
Veja mais exemplos:
A casa dela é escura como a noite.
Associamos a casa à noite porque ambas são escuras. O remédio que eu tomo é ruim feito o diabo.
O remédio que eu tomo é ruim feito diabo.
Associamos o remédio ao diabo porque atribuímos uma caraterística comum a eles: a ruindade.
Ele chorou que nem um condenado.
Associamos o modo como ele chorou com o modo como imaginamos que choraria um condenado.
Observe que em todas essas comparações há sempre palavras ou expressões que estabelecem a relação entre termos comparados. São os conectivos comparativos:
Como, feito, que nem, assim como, tal, tal qual, qual, etc.
As comparações apresentadas anteriormente são chamadas comparações metafóricas, pois elas dependem mui to do sujeito que as enuncia - da sua sensibilidade, do s estado de espírito, da sua experiência, etc.
METÁFORA
Metáfora é a figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido.
Na comparação metafórica (ou símile), um elemento A é comparado a um elemento B através de um conectivo comparativo (como, assim como, que nem, qual, feito etc.). Muitas vezes a comparação metafórica traz expressa no próprio enunciado a qualidade comum aos dois elementos:
Esta criança é forte como um touro.
Elemento A - qualidade comum; conectivo - elemento B
Já na metáfora, a qualidade comum e o conectivo comparativo não são expressos e a semelhança entre os elementos A e B passa a ser puramente mental:
Do ponto de vista lógico, a criança é uma criança, e um touro é um touro. Uma criança jamais será um touro. Mas a criança é teria a sua força comparada á de um touro.
Veja o exemplo:
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais” (Carlos Drummond de Andrade)
A associação do tempo a uma cadeira ao sol é puramente subjetiva. Cabe ao leitor completar o sentido de tal associação, a partir da sua sensibilidade, da sua experiência. Essa metáfora, portanto, pode ser compreendida das mais diferentes formas. Isso não quer dizer que ela possa ser interpretada de qualquer jeito, mas que a compreensão dela é flexível, ampla.
Observe a transformação de comparações metafóricas (ou símiles) em metáforas:
O Sr. Vivaldo é esperto como uma raposa.
(comparação metafórica)
O Sr. Vivaldo é uma raposa.
(metáfora)
A vida é fugaz como chuva de verão.
(comparação metafórica)
A vida é chuva de verão.
(metáfora)
Nesse último exemplo, o elemento A (as mangueiras está sendo comparado ao elemento B (intermináveis serpentes), pois há uma semelhança no modo como ambos se põem em relação ao chão. Os galhos da mangueira, por serem baixos e tortuosos, lembram intermináveis serpentes
Na linguagem cotidiana, deparamo-nos com inúmeras expressões como:
Cheque-borracha;
Cheque-caubói;
Voto-camarão;
Manga-espada;
Manga coração-de-boi.
Nos exemplos já vistos, fica bastante claro o porquê existência de metáforas. Diante de fatos e coisas novas, que não fazem parte da sua experiência, o homem tem a tendência de associar esses fatos e essas coisas a outros fatos e coisas que ele já conhece. Em vez de criar um novo nome para o peixe, ele o associa um objeto da sua experiência (espada) e passa a denominá-lo peixe-espada. O mesmo acontece com peixe-boi, peixe-zebra, peixe-pedra, etc. (Se quiser fazer uma experiência, abra o dicionário na palavra "peixe" e verá quantas expressões são formadas a parti desse processo.)
Muitos verbos também são utilizados no sentido metafórico. Quando dizemos que determinada pessoa "é difícil de engolir", não estamos cogitando a possibilidade de colocar essa pessoa estômago adentro. Associamos o ato de engolir (ingerir algo, colocar algo para dentro) ao ato de aceitar, suportar, agüentar, em suma, conviver. Alguns outros exemplos:
A vergonha queimava-lhe o rosto.
As suas palavras cortaram o silêncio.
O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa mente.
Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.
Meu coração ruminava o ódio.
Até agora, vimos apenas casos de palavras que assumiam um sentido metafórico. No entanto, existem expressões inteiras (e até textos inteiros) que têm sentido metafórico, como:
Ter o rei na barriga: ser orgulhoso, metido;
Saltar de banda: cair fora, omitir-se;
Pôr minhocas na cabeça: pensar em bobagens, pensar em tolices;
Dar um sorriso amarelo: sorrir sem graça tudo azul: tudo bem;
Ir para o olho da rua: ser despedido, ser mandado embora.
Como se pode perceber, a metáfora afasta-se do raciocínio lógico, objetivo. A associação depende da subjetividade de quem cria a metáfora, estabelecendo outra lógica, a lógica da sensibilidade.
CATACRESE
Catacrese é um tipo especial de metáfora. A catacrese não é mais a expressão subjetiva de um indivíduo, mas já foi incorporada por todos os falantes da língua, passando a ser uma metáfora corriqueira e, portanto, pouco original.
Observe:
“Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore." (Cecília Meireles)
A primeira frase causa-nos estranheza, espanto. A associação que se faz entre um beijo e uma borboleta afogada em mármore é original e está diretamente relacionada sensibilidade do sujeito que criou tal frase. Todo deve concordar que poucas pessoas fariam tal associação. Trata se de uma metáfora original.
Já na segunda frase, relacionamos diretamente a e pressão "pé a página" à parte inferior da página. Mas, pensarmos bem, uma página não tem pé. Houve uma associação entre o pé (parte inferior do corpo humano) e parte inferior da página, daí a expressão “pé da página”. Esta metáfora já foi incorporada pela língua, perdeu s caráter inovador, original e transformou-se numa metáfora comum, morta, que não mais causa estranheza. Em outras palavras, transformou-se numa catacrese. O mesmo processo ocorreu nas seguintes expressões:
Pé de mesa, cabeça de alfinete, tronco telefônico;
Pé de cadeira, braço de cadeira, árvore genealógica;
Pé de cama, braço de mar, maçã do rosto;
Pé de montanha, cabelo de milho, folha de papel;
Pé de laranja, barriga da perna, dente de alho.
Uma curiosidade:
A palavra "azulejo" originalmente servia para designar ladrilhos de cor azul. Hoje, essa palavra perdeu a sua idéia de azul e passou a designar ladrilhos de qualquer cor. Tanto que dizemos azulejos brancos, amarelos, azuis, verdes, etc.
Essa é outra característica da catacrese: as palavras perdem o seu sentido original e procure prestar atenção ao grande número de catacreses que utilizamos no dia-a-dia.
SINESTESIA
Sinestesia é outro tipo de metáfora. Consiste em aproximar, na mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos. Como na metáfora, trata-se de relacionar elementos de universos diferentes.
Observe:
Uma melodia azul tomou conta da sala.
Sensação auditiva e visual
A sua voz áspera intimidava a platéia.
Sensação auditiva tátil
Senti saudades amargas.
Sentimento sensação gustativa
Esse perfume tem um cheiro doce.
Sensação olfativa e gustativa
METONÍMIA
Metonímia é a figura de palavra que consiste na substituição de um termo por outro, em que a relação entre os elementos que esses termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. Dizemos que, na metonímia, há uma relação de contiguidade entre sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui. Contigüidade significa “proximidade”, “vizinhança”.
Se à idéia de morte associamos a idéia de palidez, é porque há urna relação de proximidade entre elas. O rosto do morto é pálido; portanto a morte causa palidez. A palidez é um efeito da morte. Não se trata de uma aproximação de termos de universos distantes, mas de termos vizinhos, contíguos. Lembre-se de que na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
Exemplos de metonímia
Sou alérgico a cigarro.
O cigarro é a causa, a fumaça é o efeito. Pode-se ser alérgico z fumaça, mas não ao cigarro.
Muitos pintores, embora famosos, não conseguem viver da pintura.
"Pintura", aqui, está sendo utilizada no lugar de "quadros", o produto da pintura; há uma relação de causa e efeito, portanto.
Ele ganha a vida com o suor.
O suor é o efeito; o trabalho, a causa.
Os cabelos brancos chegaram antes do esperado.
Os cabelos brancos são o efeito, a velhice é a causa.
Conhecemos muitos símbolos que não deixam de ser modalidades da metonímia, como:
A cruz: o cristianismo
A espada: o poder militar
O cetro: o poder monárquico, a autoridade
A coroa: o poder monárquico, a realeza
Os chinelos: o ócio, o conforto
A máscara: a falsidade, a dissimulação
SINÉDOQUE
Sinédoque é a substituição de um termo por outro, em que os sentidos desses termos têm uma relação de extensão desigual. Na sinédoque há uma ampliação ou uma redução do sentido usual de uma palavra.
Compare os dois enunciados:
Comer o pão com o suor do rosto.
Comer o alimento com o trabalho do corpo.
Observe que “pão” substitui “alimento” ”suor” substitui “trabalho” e “rosto” substitui corpo. Observe outros exemplos:
Não dá para viver sem um teto.
Não dá para viver sem uma casa.
Esse animal não pode ficar solto no pasto.
Esse cavalo não pode ficar solto no pasto.
(referindo-se a um cavalo)
"Animal" é uma totalidade, incluindo vaca, jacaré, cobra. Etc... Neste caso, "animal" (geral) está substituindo "cavalo" (particular); o todo substitui a parte.
Fulano de tal mandou prender todo mundo.
“Homem" substitui uma pessoa determinada; "homem" ë uma categoria geral que substitui um indivíduo especifico.
FIGURAS SINTÁTICAS OU DE CONSTRUÇÃO
As figuras sintáticas ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração e ã ordem em que estes termos aparecem, ou ainda a possíveis repetições ou omissões e termos.
Você deve lembrar que o estudo dos termos da oração, das relações existentes entre as diversas palavras que formam uma oração e / ou um período é chamado análise sintática.
É construída segundo a estrutura básica do português: sujeito + predicado. Todos os termos essenciais - sujeito, verbo, complementos - aparecem na oração e estão na ordem direta (primeiro vem o sujeito "ela" , seguido do verbo “deu” e de seus complementos : “dinheiro” , objeto direto, e “aos rapazes”, objeto indireto).
A mesma idéia pode, no entanto, ser comunicada d outras formas: basta que se altere a ordem dos termos oração, ou se repita ou se elimine alguns termos.
As alterações em relação à oração completa e na ordem direta destacam e enfatizam alguns aspectos da informação que se quer passar. Essas alterações são, portanto, expressivas. Elas demonstram possibilidade de cada indivíduo transmitir uma mesma idéia de formas diferentes.
Em relação à concordância nominal e verbal, realizada segundo as normas gramaticais, ocorre o mesmo: os desvios podem ser expressivamente considerados.
SILEPSE
Silepse é a figura de construção em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a idéia a elas associam ou segundo um termo subentendido. A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.
a) Silepse de gênero:
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino) de artigos e dos substantivos, substantivos e adjetivos, etc.:
São Paulo é movimentada.
São Paulo é um nome próprio do gênero masculino; adjetivo "movimentada" concorda, no entanto, com idéia subentendida de cidade: "(A cidade de) São Paulo é movimentada" .
A gente é obrigado a varrer até cair morto.
A rigor, ”gente” é uma palavra do gênero feminino, no entanto, “obrigado” e “morto” são dois adjetivos utilizados no gênero masculino.
A Bandeirante está cada dia mais congestionada.
"Bandeirantes" é um substantivo do gênero masc. e plural; está subentendido, no entanto, que se trata “Avenida dos Bandeirantes”, o que leva toda a concordância para o feminino.
b) Silepse de número
É o tipo de silepse em que ocorre discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural). O caso mais comum de silepse de número ê o do substantivo singular que, por se referir a uma idéia plural, leva os verbos e / ou adjetivos para o plural.
“Esta gente está furiosa e com medo; por conseqüência, capazes de tudo.” (Garrett)
A palavra “gente" pertence ao gênero feminino e, gramaticalmente, é singular; mas como contém uma idéia plural (= aquelas pessoas) o adjetivo "capazes" passa a concordar com essa idéia plural, e não com a palavra singular "gente" .
“Corria gente de todos os lados, e gritavam.” (Mário Barreto)
Aqui também a idéia plural de “gente” prevalece sobre o ato de a palavra ser singular. O verbo, concordando no plural, expressa isso.
"Os Lusíadas" glorificou nossa literatura.
A concordância é feita segundo a idéia subentendida a "obra" Os Lusíadas.
c) Silepse de pessoa:
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
Os brasileiros choramos a derrota da seleção.
O verbo na 1ª pessoa do plural, "choramos" , indica que aquele que ala se inclui entre "os brasileiros" , sujeito expresso na frase. A silepse dá conta de “traduzir”: “Nós, os brasileiros, choramos a derrota da seleção”.
ELIPSE
Elipse é a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica subentendida pelo contexto.
Observe: Como estávamos com pressa, preferi não entrar. Nessa frase, houve a omissão dos pronomes nós e eu, sujeitos, respectivamente, de “estávamos” e “preferi”. Essa omissão não dificulta a compreensão da frase, já que os verbos flexionados indicam as pessoas a que se referem
Veja outros exemplos:
Sobre a mesa, apenas um copo d' água e uma maçã.
Neste exemplo, há a omissão do verbo haver. Completa, a oração ficaria: "Sobre a mesa, havia apenas um copo d' água e uma maçã”. A elipse do verbo em nada altera o conteúdo da oração, que se torna por sua vez mais sintética e econômica.
"Veio sem pinturas, um vestido leve, sandália coloridas." (Rubem Braga)
Tão bom se ela estivesse viva me ver assim. ”(Antônio Olavo Pereira)
(Tão bom seria se ela estivesse viva para me ver assim.)
ZEUGMA
Trata-se de um caso especial de elipse, quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.
Observe:
Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta.
Vamos jogar, só nós dois? Você chuta para mim e eu para você.
(==... e eu chuto para você.)
No segundo exemplo, o verbo omitido deve, se expresso, concordar com o sujeito eu. Era "chuta", na 3º pessoa do singular; passa a ser “chuto”, na ª pessoa do singular. Em geral, os zeugmas são uma elipse e um termo que é uma forma flexionada de um termo que já apareceu.
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.” (Camilo Castelo Branco)
Se formos expressar o que foi omitido, teremos que utilizar a forma verbal “foram” – “e foram assassinados os partidários do rei" .
Precisarei de vários ajudantes, de um que seja capaz de fazer a instalação elétrica e de outro para parte hidráulica pelo menos.
Houve a omissão do termo "ajudante" - "De u (ajudante) que seja capaz ... e de outro (ajudante) para a parte hidráulica . Observe que anteriormente havia a ar sido a forma plural ajudantes".
ASSÍNDETO
Quando o termo omitido é um conectivo, a elipse também ganha um nome especial - assíndeto.
Observe:
Espero sejas feliz.
(= Espero que sejas feliz.)
Veio à cidade, falou com o gerente, partiu.
(= Veio à cidade, falou com o gerente e partiu.)
A inexistência de qualquer conectivo em todo o ma cria um efeito de nivelamento e simultaneidade entre os detalhes apreendidos.
POLISSÍNDETO
Polissíndeto é a repetição expressiva da conjunção coordenativa.
Observe:
“Vão chegando as burguesinhas pobres
E as crianças das burguesinhas ricas
E as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza”
E eu, e você, e todos aqueles que acreditavam na nossa luta assumimos publicamente o compromisso.
ANÁFORA
Anáfora é a figura sintática que consiste na repetição da mesma palavra ou construção no início de várias orações, períodos ou versos.
Observe:
“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só." (Rocha Lima)
"Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente E dor que desatina sem doer."(Camões)
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere.” (Vieira)
PLEONASMO
Pleonasmo é também um caso de repetição, mas que envolve uma redundância. Quer dizer, no pleonasmo há uma repetição desnecessária, tanto do ponto de vista sintático quanto do ponto de vista semântico.
A oração já analisada anteriormente:
Aos rapazes, deu-lhes dinheiro.
Apresenta um pleonasmo: "aos rapazes" e o pronome "lhes" exercem exatamente a mesma função sintática dentro desta oração - de objeto indireto. Dizemos, então, que há um pleonasmo do objeto indireto.
Veja outros exemplos:
As minhas roupas, quero até arrancá-las!
Os termos "minhas roupas" e "las" exercem a mesma função sintática - de objeto direto. Neste caso, há um pleonasmo do objeto direto.
Realmente, as catástrofe sociais só podem provocá-las as próprias classes dominantes.
Os termos "catástrofes" e "las" exercem a mesma função sintática - de objeto direto.
HIPÉRBATO OU INVERSÃO
Hipérbato ou inversão é a figura sintática que consiste na inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.
Observe:
"Passeiam, à tarde, as belas na Avenida."
(Carlos Drummond de Andrade) (= As belas passeiam na Avenida à tarde.)
"Passarinho, desisti de ter." (Rubem Braga)
(= Desisti de ter passarinho.)
"Nada pode a máquina inventar das coisas."
(Carlos Drummond de Andrade) (= A máquina nada pode inventar das coisas.)
"Enquanto manda as ninfas amorosas grinal nas cabeças pôr de rosas. "(Camões)
(= Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de nas cabeças.)
ANACOLUTO
Anacoluto é a figura sintática que ocorre quando um termo antecipa o fica desligado sintaticamente da oração, dado a um desvio que a construção da oração sofreu.
Na oração:
Nessas empregadas de hoje não se pode confiar.
Há uma inversão. Na ordem direta diríamos: "Não se pode confiar nessas empregadas de hoje”. Se alterássemos a oração ainda um pouco mais:
Nessas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.
Estaríamos diante de um caso de pleonasmo. Os termos "nessas empregadas" e "nelas" exercem a mesma função sintática - objeto indireto do verbo “confiar”. Se a oração, no entanto, fosse:
“Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado)
Estaríamos diante de um caso de anacoluto. “Essas em regadas de hoje” não pode exercer a função de objeto indireto, pois a, expressão não aparece introduzida pela preposição, que o verbo confiar exige. Temos, dessa forma um termo que não se liga sintaticamente à oração, já que não cumpre nenhuma função sintática, embora esclareça quem são “elas” , em quem não se pode confiar.
FIGURAS DE PENSAMENTO
As figuras de pensamento consistem numa alteração, num desvio, ao nível da intenção do falante. Essa alteração não se dá na expressão, mas anteriormente, no próprio processo de e elaboração mental da expressão. Dessa forma, as figuras de pensamento não podem ser detectadas a partir de um termo que substitui outro ou de um desvio em relação às normas gramaticais.
ANTÍTESE
Antitese é a figura de pensamento que consiste em opor a uma idéia outra de sentido contrário.
Veja o exemplo:
“Não existiria som se não Houvesse o silêncio Não haveria luz se não Fosse a escuridão A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim.” (Lulu Santos- Nelson Mota)
Observe que os versos constroem-se a partir de oposições, de antíteses: som-silencio, luz-escuridão, dia-noite não-sim. É interessante notar, nos dois últimos versos, própria justificativa da existência de antíteses. Quando se diz que “vida é assim mesmo/dia e noite, não e sim” está-se apontando a importância da antítese no processo humano de compreensão das coisas. Sabemos que uma coisa não é outra porque criamos uma oposição entre elas. O que seria o branco se não existisse preto? O que seria a felicidade se não houvesse a infelicidade? Utilizamos mui o contraste, a oposição, para organizarmos a nossa compreensão de tudo que nos cerca.
PARADOXO
Há alguns casos em que a antítese está condensada dentro de uma mesma unidade da frase:
E1a é bonita e feia.
Tanto "bonita" quanto "feia" são adjetivos que se referem ao sujeito “ela” . Os dois adjetivos pertencem a uma mesma unidade da frase, ambos qualificam um mesmo ser. Mas estes dois adjetivos têm sentidos opostos.Veja outro exemplo :
“O amor (...)
É um contentamento descontente.” (Camões)
Aí temos um substantivo (contentamento) ao qual liga um adjetivo (descontente). Ambos pertencem a u mesma unidade da frase, mas têm sentidos opostos.
Quando termos de sentido contrário estão ligados nu ma mesma unidade da frase, reunindo idéias contrárias e aparentemente inconciliáveis, a antítese ganha um nome especial: paradoxo.
IRONIA
Ironia é a figura de pensamento que consiste em sugerir, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir.
Veja:
Você foi sutil coma um elefante.
Embora esta expressão contenha a idéia de que o sujeita foi sutil, a idéia de sutileza é desmentida pela comparação que se estabelece entre a sutileza do sujeito e a d elefante: a intenção do falante é oposta aquilo que está expresso na frase.
Observe:
Ouça as buzinas, os xingos, os palavrões! Não encantador o trânsito de São Paulo?
Veja, agora, este caso:
Você realmente é muito esperto.
Esta frase, aparentemente, não contém nenhuma ironia. Mas, dependendo da situação em que ela é utilizada, da entonação que se der às palavras, ela pode ser altamente irônica. Este é um aspecto bastante importante da ironia: o fato de ela não estar nas palavras em si, mas “por trás” das palavras.
PERÍFRASE
Perífrase é a figura de pensamento que consiste na criação de um torneio de palavras para expressar alguma idéia.
Em lugar de nos referirmos diretamente a Deus, criamos a perífrase “aquele que tudo pode”. Em vez de aludirmos diretamente à morte, criamos a perífrase “a sombra negra que a todos envolve" . Veja outros exemplos:
As pessoas que tudo querem (= os vorazes, os gananciosos) nada conseguem.
Como você deve ter percebido, a perífrase é muito parecida com a antonomásia, figura de palavra já estudada no começo deste livro. De fato, muitos autores não fazem distinção entre essas duas figuras, ou mesmo confundem uma com a outra. Em linhas gerais, a antonomásia refere-se a nomes próprios, a pessoas; e a perífrase é um torneio verbal que serve para substituir qualquer palavra, seja ela um nome próprio ou não.
EUFEMISMO
Eufemismo é uma palavra ou expressão empregada por outra palavra ou expressão considerada desagradável, grosseira. O eufemismo procura atenuar o sentido de determinados termos que geralmente são considerados demasiado fortes pelos falantes da língua. No eufemismo, existe uma intenção, por parte do falante, de não chocar o seu interlocutor.
Você já deve ter ouvido frases do tipo:
Foi bom, pelo menos ele descansou.
A utilização do verbo “descansar” atenua o impacto da idéia de “morrer”. A morte, na nossa cultura, ê considerada algo desagradável, assustador, daí a grande quantidade de eufemismo criados e utilizados para designar essa idéia: falecer, passar desta para a melhor, ganhar a vida
HIPÉRBOLE
Hipérbole é a figura de pensamento que ocorre quando há á exageração de uma idéia.
Quando dizemos:
Fazia quase um século que a gente não se encontrava.
“um século" não pode ser compreendido como “período de cem anos”. Queremos, de fato, dizer que fazia muito tempo que não nos encontrávamos.
GRADAÇÃO
Gradação é a figura de pensamento que ocorre quando há uma seqüência de palavras - sinônimas ou não que intensificam uma mesma idéia.
Observe :
"Dissecou-a, a tal arte, que ela, rota, baça, nojenta, vil sucumbi... (Raimundo Correia),
A seqüência "rota, baça, nojenta, vil" é que vai expressar o nível de degradação a que "ela" chegou . Não se trata simplesmente e qualificar o processo.
“O trigo... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se.” (Vieira)
A expressão desdobra-se em vários termos, procurando intensificar a idéia de processo e criar uma sensação/ emoção especial no leitor. O discurso dos políticos, tentando atingir (convencer) a totalidade dos ouvintes, freqüentemente lança mão do recurso da gradação:
PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
Prosopopeia ou personificação é a figura que consiste em pensar seres inanimados ou irracionais como se eles fossem humanos, atribuindo-lhes linguagem, senti mentos e ações típicos dos seres humanos.
Veja o exemplo:
"O vento beija meus cabelos As ondas lambem minhas pernas O sol abraça o meu corpo." (Lulu Santos- Nelson Mota)
Nesses versos, ações humanas (beijar, lamber, abraçar) são atribuídas a elementos da natureza (vento, ondas sol). '
Observe outros exemplos:
"Olha o Tejo a sorrir-me." (Fernando Pessoa)
“Uma ilusão gemia em cada canto, Chorava em cada canto uma saudade!"
As árvores são tolas: se despem justamente quando começa o inverno.
A prosopopéia ou personificação é uma figura bastante utilizada em fábulas, nas quais os animais ganham características humanas. Nas fábulas, os animais falam, têm sentimentos, brigam, etc.
APÓSTROFE
Apóstrofe ê a figura de pensamento que ocorre quando nos referimos a uma pessoa ou coisa que pode ser real ou imaginária, que pode estar presente ou ausente. A apóstrofe é utilizada para dar ênfase à expressão, uma vez que raramente o interlocutor está presente e muitas vezes ele é um ser abstrato ou um ser que não terá condições de ouvir nossa interpretação.
Observe :
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
Nesse exemplo, o autor, para dar mais emotividade à sua fala, dirige-se ao mar que, obviamente, não vai compreender as palavras que lhe são dirigidas.
Veja outros exemplos:
“Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
“Deus! Deus! onde estás que não respondes?" (Castro Alves)
“Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto .
O pronome “te" , nesse verso, refere-se à cidade d São Paulo, a interlocutora do poeta. Ele "fala" com a cidade, embora seja óbvio que esta interlocutora seja uma abstração .
FIGURAS DE SOM OU DE HARMONIA
Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ao longo de uma oração ou texto, ou ainda quando se procura "imitar" os barulhos e sons produzidos pelas coisas ou seres.
ALITERAÇÃO
Aliteração é a figura de som provocada pela incidência reiterada de algumas consoantes ou fonemas consonantes.
“Que um Fraco Rei Faz Fraca a forte gente!”
A letra de Caetano Veloso para a música `Pipoca moderna' é construída toda a partir de aliterações sobre os fonemas / n / e / p / . Leia em voz alta para perceber o efeito sonoro criado por essas aliterações:
E era Nada de Nem Noite de Nego Não
E era Nê de Nunca mais
E era Noite de Nê Nunca de Nada mais
E era Nem de Negro Não
Porém Parece que a golpes de Pê
De Pé de Pão
De Parecer Poder
(e era Não de Nada Nem)
Aqui, as aliterações marcam fortemente o ritmo ocorrerem a intervalos regulares. Esses intervalos não são, cada verso, nunca maiores que duas sílabas. A única exceção ocorre no verso ` `porém parece que a golpes de pê" onde o intervalo maior acentua a mudança do fonema te ma: a partir desse verso e nos dois que se seguem a aliteração recairá sobre o fonema / p / .
ASSONÂNCIA
Assonância é a repetição de vogais e de sílabas semelhantes, mas não idênticas.
Observe :
"Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana Sou Ana de Amsterdaim”.
(Chico Buarque de Holanda)
O segmento -ana aparece repetido cinco vezes ao longo dos três versos: às vezes, “Ana” é um segmento autônomo, uma palavra; outras, -ana aparece repetido no interior de outras palavras (em cana, fulana, bacana) . Se você ler o trecho em voz alta, vai perceber que -ama (de cama) e n primeiro -am de Amsterdam (perceba que o segundo -arri é urna grafia do fonema nasal / ã / , enquanto no primeiro pronunciamos o m) são sons muito próximos ao do segmento -ana.
É justamente a essa repetição de segmentos com sons semelhantes, em várias palavras de um mesmo texto, que chamamos assonância. Mas a assonância pode ainda ser obtida pela repetição de uma vogal:
PARONOMÁSIA
Paronomásia é a figura de som que consiste no emprego de palavras parônimas, ou seja, palavras semelhantes no som, porém com significações diversas.
Observe:
“Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo! )".
(Ribeiro Couto)
Os termos “houve" (verbo haver) e “ouve" (verbo ouvir) coincidem do ponto de vista sonoro, embora se grafem e formas diferentes e tenham significados diversos. !~ coincidência sonora cria uma tensão semântica na poesia:. ela da novas significações à relação dos tempos presente e passado .
ONOMATOPEIA
Onomatopeia é a palavra ou conjunto de palavras que representa um ruído ou som.
Nas histórias em quadrinhos, podemos encontrar inúmeros exemplos de onomatopéias: ` “click” sobre o desenho de uma máquina fotográfica; "cabranch" representando o barulho e uma explosão e acompanhando o desenho de uma casa em chamas; "bip! bip! bip!" para o barulho do alarme que pega um ladrão desprevenido; etc. onomatopéia nos quadrinhos é, em geral, um recurso para melhor representar as ações e os fatos, expressando o ruído que os acompanha na realidade.
Muitos os ruídos e sons representados por onomatopéias acabam por se incorporar ã língua. Algumas vão até motivar a criação, por derivação, de novas palavras:
o barulho do relógio tic-tac
a “voz” do gato miau!
a “voz” do galo cocoricó
a “voz” dos passarinhos piu-piu
o barulho de um apito trrrrriiiiiii
CONCLUSÃO
A língua portuguesa é extensa, as figuras de linguagem servem somente para deixar a linguagem mais bonita e diversificada.
Bibliografia
1. Pré-vestibular SEMES 1 – Estácio de Sá
2. Enciclopédia Encarta – Sem autores fixos – Microsoft corporation ©
3. Figuras de Linguagem – Helio Seixas Guimarães, Ana Cecília Lessa - Atual Editora
Praticamente em todas as situações de nossa vida temos à disposição palavras e expressões que traduzem as nossas sensações e emoções. Mas nem sempre utilizamos as mesmas palavras e expressões em todas as situações que vivemos.
Para as situações comuns, corriqueiras, temos um determinado número de palavras e expressões que traduzem muito bem aquilo que queremos comunicar. Elas vêm automaticamente à nossa cabeça e são facilmente entendidas por todos.
Mas existem situações em que essas palavras e frases corriqueiras não conseguem traduzir com exatidão aquilo que estamos sentindo.
Através desse modo de dizer, diferente do comum, procuramos enfatizar as nossas sensações.
As figuras de linguagem servem exatamente para expressar aquilo que a linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente. São uma forma de o homem assimilar e expressar experiências diferentes, desconhecidas e novas. Por isso, elas revelam muito da sensibilidade de quem as produz; forma de como cada indivíduo encara as suas experiências no mundo.
Índice
1. Figuras de Palavras
• Comparação Simples
• Comparação Metafórica
• Metáfora
• Catacrese
• Sinestesia
• Metonímia
• Sinédoque
• Antonomásia
2. Figuras Sintáticas ou de construção
• Silepse
• Elipse
• Zeugma
• Assíndeto
• Polissíndeto
• Anáfora
• Pleonasmo
• Hiperbato
• Anacoluto
3. Figuras de Pensamento
• Antítese
• Paradoxo
• Ironia
• Perífrase
• Eufemismo
• Hipérbole
• Gradação
• Prosopopéia
• Apóstrofe
4. Figuras de som ou de Harmonia
• Aliteração
• Assonância
• Paronomasia
• Onomatopéia
5. Conclusão
6. Bibliografia
Figuras de linguagem
Palavra ou grupo de palavras utilizadas para dar ênfase a uma ideia ou sentimento. As mais difundidas são as seguintes:
Figuras de Palavras
(TROPOS)
As figuras de palavras consistem no emprego de um termo em um sentido diferente daquele em que esse termo é convencionalmente empregado.
Por exemplo, convencionalmente, o termo “porta” designa uma peça de madeira ou que gira sob dobradiças que tem a função ao de fechar móveis, automóveis e construções, etc. Mas quando dizemos: “Fulano não entende nada. “Ele é uma porta”, o termo “porta” não se referindo aquela peça de madeira ou de metal. Nesse caso, a palavra porta está sendo utilizada num sentido diferente do convencional, para definir a dificuldade de compreensão, a burrice do Fulano. Outro exemplo:” a porta dos sentimentos". É claro que a palavra, também. neste caso, não está sendo utilizada no seu sentido convencional. "Errar a porta”, nesta frase, sugere um ganho, uma desilusão. Nesses dois casos temos figuras de palavras.
Há casos também em que um termo, que originalmente designa alguma coisa especifica, tem seu sentido ampliado, passando a designar algo genérico. Temos exemplo do “Danone”. O nome do produto é iogurte; Danone é a marca do iogurte produzido por um determinado fabricante. Mas a marca foi identificada de tal forma com o produto que, em vez de dizermos “Vou comprar um iogurte", freqüentemente dizemos “Vou comprar um Danone”, mesmo quando o iogurte que compramos é de outra marca (Vigor, Pauli, Batavo, etc.). A palavra “Danone", que designava um tipo de iogurte, teve seu significado ampliado e passou a designar o produto de uma forma geral.
As figuras de palavras podem ser utilizadas tanto para tornar mais expressivo aquilo que queremos comunicar quanto para suprir a falta de um termo adequado que designe alguma coisa. Além disso, elas fazem com que a língua se torne mais econômica, uma vez que uma única palavra, dependendo do contexto, pode assumir os mais diferentes significados.
A seguir, veremos cada uma das principais figuras de palavras.
COMPARAÇÃO SIMPLES
Comparação simples e uma comparação entre dois elementos de um mesmo universo. É muito comum compararmos as coisas que nos rodeiam. Frequentemente dizemos que tal coisa é melhor que outra, que fulano é mais simpático do que beltrano, assim por diante. Comparar é uma forma de organizar nossas experiências no mundo. Sempre que temos que escolher alguma coisa, fazemos uma comparação antes de tomar a decisão. E essa comparação é feita muitas vezes sem que percebamos. Por exemplo, quando vamos a um restaurante. No cardápio, temos agrupados as bebidas, os pratos e as sobremesas. Olhamos o grupo das bebidas, comparamos e escolhemos a que mais nos agrada; o mesmo acontece em relação aos pratos e às sobremesas. E para escolher, utilizamos os nossos critérios. Se temos pouco dinheiro, o critério será o preço. Se estivermos com muita fome, provavelmente escolheremos o prato pelo seu tamanho.
Pensamos deste modo:
Macarrão é mais barato do que carne. Então, eu vou pedir macarrão.
Nesse caso comparamos o macarrão à carne, utilizando o critério preço.
Um prato de macarrão vai matar mais a minha fome do que um prato de carne.
Comparamos o macarrão à carne, utilizando o critério que mata mais a fome. Em ambos os casos, estamos comparando elementos de um mesmo universo: tanto o macarrão quanto a carne são comidas.
Observe outras comparações entre elementos de mesmo universo:
Este time joga melhor do que aquele.
Um fusca é menos espaçoso do que um Opala.
Cristina é tão estudiosa quanto Paula.
O meu caderno tem mais páginas do que o seu.
COMPARAÇÁO METAFÓRICA
(OU SÌMILE)
Comparação metafórica ou símile é uma comparação entre dois elementos de universos diferentes.
Observe:
Esta criança é forte como um touro.
Nesse caso, estamos comparando a criança a um touro, dois elementos de universos bastante diferentes. Aproximamos esses elementos porque “enxergamos” uma característica comum a ambos, ou seja, a força.
Veja mais exemplos:
A casa dela é escura como a noite.
Associamos a casa à noite porque ambas são escuras. O remédio que eu tomo é ruim feito o diabo.
O remédio que eu tomo é ruim feito diabo.
Associamos o remédio ao diabo porque atribuímos uma caraterística comum a eles: a ruindade.
Ele chorou que nem um condenado.
Associamos o modo como ele chorou com o modo como imaginamos que choraria um condenado.
Observe que em todas essas comparações há sempre palavras ou expressões que estabelecem a relação entre termos comparados. São os conectivos comparativos:
Como, feito, que nem, assim como, tal, tal qual, qual, etc.
As comparações apresentadas anteriormente são chamadas comparações metafóricas, pois elas dependem mui to do sujeito que as enuncia - da sua sensibilidade, do s estado de espírito, da sua experiência, etc.
METÁFORA
Metáfora é a figura de palavra em que um termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam. Essa semelhança é resultado da imaginação, da subjetividade de quem cria a metáfora. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo comparativo não está expresso, mas subentendido.
Na comparação metafórica (ou símile), um elemento A é comparado a um elemento B através de um conectivo comparativo (como, assim como, que nem, qual, feito etc.). Muitas vezes a comparação metafórica traz expressa no próprio enunciado a qualidade comum aos dois elementos:
Esta criança é forte como um touro.
Elemento A - qualidade comum; conectivo - elemento B
Já na metáfora, a qualidade comum e o conectivo comparativo não são expressos e a semelhança entre os elementos A e B passa a ser puramente mental:
Do ponto de vista lógico, a criança é uma criança, e um touro é um touro. Uma criança jamais será um touro. Mas a criança é teria a sua força comparada á de um touro.
Veja o exemplo:
“O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais” (Carlos Drummond de Andrade)
A associação do tempo a uma cadeira ao sol é puramente subjetiva. Cabe ao leitor completar o sentido de tal associação, a partir da sua sensibilidade, da sua experiência. Essa metáfora, portanto, pode ser compreendida das mais diferentes formas. Isso não quer dizer que ela possa ser interpretada de qualquer jeito, mas que a compreensão dela é flexível, ampla.
Observe a transformação de comparações metafóricas (ou símiles) em metáforas:
O Sr. Vivaldo é esperto como uma raposa.
(comparação metafórica)
O Sr. Vivaldo é uma raposa.
(metáfora)
A vida é fugaz como chuva de verão.
(comparação metafórica)
A vida é chuva de verão.
(metáfora)
Nesse último exemplo, o elemento A (as mangueiras está sendo comparado ao elemento B (intermináveis serpentes), pois há uma semelhança no modo como ambos se põem em relação ao chão. Os galhos da mangueira, por serem baixos e tortuosos, lembram intermináveis serpentes
Na linguagem cotidiana, deparamo-nos com inúmeras expressões como:
Cheque-borracha;
Cheque-caubói;
Voto-camarão;
Manga-espada;
Manga coração-de-boi.
Nos exemplos já vistos, fica bastante claro o porquê existência de metáforas. Diante de fatos e coisas novas, que não fazem parte da sua experiência, o homem tem a tendência de associar esses fatos e essas coisas a outros fatos e coisas que ele já conhece. Em vez de criar um novo nome para o peixe, ele o associa um objeto da sua experiência (espada) e passa a denominá-lo peixe-espada. O mesmo acontece com peixe-boi, peixe-zebra, peixe-pedra, etc. (Se quiser fazer uma experiência, abra o dicionário na palavra "peixe" e verá quantas expressões são formadas a parti desse processo.)
Muitos verbos também são utilizados no sentido metafórico. Quando dizemos que determinada pessoa "é difícil de engolir", não estamos cogitando a possibilidade de colocar essa pessoa estômago adentro. Associamos o ato de engolir (ingerir algo, colocar algo para dentro) ao ato de aceitar, suportar, agüentar, em suma, conviver. Alguns outros exemplos:
A vergonha queimava-lhe o rosto.
As suas palavras cortaram o silêncio.
O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa mente.
Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.
Meu coração ruminava o ódio.
Até agora, vimos apenas casos de palavras que assumiam um sentido metafórico. No entanto, existem expressões inteiras (e até textos inteiros) que têm sentido metafórico, como:
Ter o rei na barriga: ser orgulhoso, metido;
Saltar de banda: cair fora, omitir-se;
Pôr minhocas na cabeça: pensar em bobagens, pensar em tolices;
Dar um sorriso amarelo: sorrir sem graça tudo azul: tudo bem;
Ir para o olho da rua: ser despedido, ser mandado embora.
Como se pode perceber, a metáfora afasta-se do raciocínio lógico, objetivo. A associação depende da subjetividade de quem cria a metáfora, estabelecendo outra lógica, a lógica da sensibilidade.
CATACRESE
Catacrese é um tipo especial de metáfora. A catacrese não é mais a expressão subjetiva de um indivíduo, mas já foi incorporada por todos os falantes da língua, passando a ser uma metáfora corriqueira e, portanto, pouco original.
Observe:
“Um beijo seria uma borboleta afogada em mármore." (Cecília Meireles)
A primeira frase causa-nos estranheza, espanto. A associação que se faz entre um beijo e uma borboleta afogada em mármore é original e está diretamente relacionada sensibilidade do sujeito que criou tal frase. Todo deve concordar que poucas pessoas fariam tal associação. Trata se de uma metáfora original.
Já na segunda frase, relacionamos diretamente a e pressão "pé a página" à parte inferior da página. Mas, pensarmos bem, uma página não tem pé. Houve uma associação entre o pé (parte inferior do corpo humano) e parte inferior da página, daí a expressão “pé da página”. Esta metáfora já foi incorporada pela língua, perdeu s caráter inovador, original e transformou-se numa metáfora comum, morta, que não mais causa estranheza. Em outras palavras, transformou-se numa catacrese. O mesmo processo ocorreu nas seguintes expressões:
Pé de mesa, cabeça de alfinete, tronco telefônico;
Pé de cadeira, braço de cadeira, árvore genealógica;
Pé de cama, braço de mar, maçã do rosto;
Pé de montanha, cabelo de milho, folha de papel;
Pé de laranja, barriga da perna, dente de alho.
Uma curiosidade:
A palavra "azulejo" originalmente servia para designar ladrilhos de cor azul. Hoje, essa palavra perdeu a sua idéia de azul e passou a designar ladrilhos de qualquer cor. Tanto que dizemos azulejos brancos, amarelos, azuis, verdes, etc.
Essa é outra característica da catacrese: as palavras perdem o seu sentido original e procure prestar atenção ao grande número de catacreses que utilizamos no dia-a-dia.
SINESTESIA
Sinestesia é outro tipo de metáfora. Consiste em aproximar, na mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos. Como na metáfora, trata-se de relacionar elementos de universos diferentes.
Observe:
Uma melodia azul tomou conta da sala.
Sensação auditiva e visual
A sua voz áspera intimidava a platéia.
Sensação auditiva tátil
Senti saudades amargas.
Sentimento sensação gustativa
Esse perfume tem um cheiro doce.
Sensação olfativa e gustativa
METONÍMIA
Metonímia é a figura de palavra que consiste na substituição de um termo por outro, em que a relação entre os elementos que esses termos designam não depende exclusivamente do indivíduo, mas da ligação objetiva que esses elementos mantêm na realidade.
Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas porque esses elementos têm, de fato, uma relação de dependência. Dizemos que, na metonímia, há uma relação de contiguidade entre sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui. Contigüidade significa “proximidade”, “vizinhança”.
Se à idéia de morte associamos a idéia de palidez, é porque há urna relação de proximidade entre elas. O rosto do morto é pálido; portanto a morte causa palidez. A palidez é um efeito da morte. Não se trata de uma aproximação de termos de universos distantes, mas de termos vizinhos, contíguos. Lembre-se de que na metáfora a substituição de um termo por outro se dá por um processo interno, intuitivo, estritamente dependente do sujeito que realiza a substituição. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação.
Exemplos de metonímia
Sou alérgico a cigarro.
O cigarro é a causa, a fumaça é o efeito. Pode-se ser alérgico z fumaça, mas não ao cigarro.
Muitos pintores, embora famosos, não conseguem viver da pintura.
"Pintura", aqui, está sendo utilizada no lugar de "quadros", o produto da pintura; há uma relação de causa e efeito, portanto.
Ele ganha a vida com o suor.
O suor é o efeito; o trabalho, a causa.
Os cabelos brancos chegaram antes do esperado.
Os cabelos brancos são o efeito, a velhice é a causa.
Conhecemos muitos símbolos que não deixam de ser modalidades da metonímia, como:
A cruz: o cristianismo
A espada: o poder militar
O cetro: o poder monárquico, a autoridade
A coroa: o poder monárquico, a realeza
Os chinelos: o ócio, o conforto
A máscara: a falsidade, a dissimulação
SINÉDOQUE
Sinédoque é a substituição de um termo por outro, em que os sentidos desses termos têm uma relação de extensão desigual. Na sinédoque há uma ampliação ou uma redução do sentido usual de uma palavra.
Compare os dois enunciados:
Comer o pão com o suor do rosto.
Comer o alimento com o trabalho do corpo.
Observe que “pão” substitui “alimento” ”suor” substitui “trabalho” e “rosto” substitui corpo. Observe outros exemplos:
Não dá para viver sem um teto.
Não dá para viver sem uma casa.
Esse animal não pode ficar solto no pasto.
Esse cavalo não pode ficar solto no pasto.
(referindo-se a um cavalo)
"Animal" é uma totalidade, incluindo vaca, jacaré, cobra. Etc... Neste caso, "animal" (geral) está substituindo "cavalo" (particular); o todo substitui a parte.
Fulano de tal mandou prender todo mundo.
“Homem" substitui uma pessoa determinada; "homem" ë uma categoria geral que substitui um indivíduo especifico.
FIGURAS SINTÁTICAS OU DE CONSTRUÇÃO
As figuras sintáticas ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração e ã ordem em que estes termos aparecem, ou ainda a possíveis repetições ou omissões e termos.
Você deve lembrar que o estudo dos termos da oração, das relações existentes entre as diversas palavras que formam uma oração e / ou um período é chamado análise sintática.
É construída segundo a estrutura básica do português: sujeito + predicado. Todos os termos essenciais - sujeito, verbo, complementos - aparecem na oração e estão na ordem direta (primeiro vem o sujeito "ela" , seguido do verbo “deu” e de seus complementos : “dinheiro” , objeto direto, e “aos rapazes”, objeto indireto).
A mesma idéia pode, no entanto, ser comunicada d outras formas: basta que se altere a ordem dos termos oração, ou se repita ou se elimine alguns termos.
As alterações em relação à oração completa e na ordem direta destacam e enfatizam alguns aspectos da informação que se quer passar. Essas alterações são, portanto, expressivas. Elas demonstram possibilidade de cada indivíduo transmitir uma mesma idéia de formas diferentes.
Em relação à concordância nominal e verbal, realizada segundo as normas gramaticais, ocorre o mesmo: os desvios podem ser expressivamente considerados.
SILEPSE
Silepse é a figura de construção em que a concordância não é feita de acordo com as palavras que efetivamente aparecem na oração, mas segundo a idéia a elas associam ou segundo um termo subentendido. A silepse pode ser de gênero, número ou pessoa.
a) Silepse de gênero:
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino) de artigos e dos substantivos, substantivos e adjetivos, etc.:
São Paulo é movimentada.
São Paulo é um nome próprio do gênero masculino; adjetivo "movimentada" concorda, no entanto, com idéia subentendida de cidade: "(A cidade de) São Paulo é movimentada" .
A gente é obrigado a varrer até cair morto.
A rigor, ”gente” é uma palavra do gênero feminino, no entanto, “obrigado” e “morto” são dois adjetivos utilizados no gênero masculino.
A Bandeirante está cada dia mais congestionada.
"Bandeirantes" é um substantivo do gênero masc. e plural; está subentendido, no entanto, que se trata “Avenida dos Bandeirantes”, o que leva toda a concordância para o feminino.
b) Silepse de número
É o tipo de silepse em que ocorre discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural). O caso mais comum de silepse de número ê o do substantivo singular que, por se referir a uma idéia plural, leva os verbos e / ou adjetivos para o plural.
“Esta gente está furiosa e com medo; por conseqüência, capazes de tudo.” (Garrett)
A palavra “gente" pertence ao gênero feminino e, gramaticalmente, é singular; mas como contém uma idéia plural (= aquelas pessoas) o adjetivo "capazes" passa a concordar com essa idéia plural, e não com a palavra singular "gente" .
“Corria gente de todos os lados, e gritavam.” (Mário Barreto)
Aqui também a idéia plural de “gente” prevalece sobre o ato de a palavra ser singular. O verbo, concordando no plural, expressa isso.
"Os Lusíadas" glorificou nossa literatura.
A concordância é feita segundo a idéia subentendida a "obra" Os Lusíadas.
c) Silepse de pessoa:
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
Os brasileiros choramos a derrota da seleção.
O verbo na 1ª pessoa do plural, "choramos" , indica que aquele que ala se inclui entre "os brasileiros" , sujeito expresso na frase. A silepse dá conta de “traduzir”: “Nós, os brasileiros, choramos a derrota da seleção”.
ELIPSE
Elipse é a omissão de um termo ou de uma oração inteira, sendo que essa omissão geralmente fica subentendida pelo contexto.
Observe: Como estávamos com pressa, preferi não entrar. Nessa frase, houve a omissão dos pronomes nós e eu, sujeitos, respectivamente, de “estávamos” e “preferi”. Essa omissão não dificulta a compreensão da frase, já que os verbos flexionados indicam as pessoas a que se referem
Veja outros exemplos:
Sobre a mesa, apenas um copo d' água e uma maçã.
Neste exemplo, há a omissão do verbo haver. Completa, a oração ficaria: "Sobre a mesa, havia apenas um copo d' água e uma maçã”. A elipse do verbo em nada altera o conteúdo da oração, que se torna por sua vez mais sintética e econômica.
"Veio sem pinturas, um vestido leve, sandália coloridas." (Rubem Braga)
Tão bom se ela estivesse viva me ver assim. ”(Antônio Olavo Pereira)
(Tão bom seria se ela estivesse viva para me ver assim.)
ZEUGMA
Trata-se de um caso especial de elipse, quando o termo omitido já tiver sido expresso anteriormente.
Observe:
Os rapazes entraram com tamanha algazarra que quebraram o vidro da porta.
Vamos jogar, só nós dois? Você chuta para mim e eu para você.
(==... e eu chuto para você.)
No segundo exemplo, o verbo omitido deve, se expresso, concordar com o sujeito eu. Era "chuta", na 3º pessoa do singular; passa a ser “chuto”, na ª pessoa do singular. Em geral, os zeugmas são uma elipse e um termo que é uma forma flexionada de um termo que já apareceu.
“Foi saqueada a vila, e assassinados os partidários dos Filipes.” (Camilo Castelo Branco)
Se formos expressar o que foi omitido, teremos que utilizar a forma verbal “foram” – “e foram assassinados os partidários do rei" .
Precisarei de vários ajudantes, de um que seja capaz de fazer a instalação elétrica e de outro para parte hidráulica pelo menos.
Houve a omissão do termo "ajudante" - "De u (ajudante) que seja capaz ... e de outro (ajudante) para a parte hidráulica . Observe que anteriormente havia a ar sido a forma plural ajudantes".
ASSÍNDETO
Quando o termo omitido é um conectivo, a elipse também ganha um nome especial - assíndeto.
Observe:
Espero sejas feliz.
(= Espero que sejas feliz.)
Veio à cidade, falou com o gerente, partiu.
(= Veio à cidade, falou com o gerente e partiu.)
A inexistência de qualquer conectivo em todo o ma cria um efeito de nivelamento e simultaneidade entre os detalhes apreendidos.
POLISSÍNDETO
Polissíndeto é a repetição expressiva da conjunção coordenativa.
Observe:
“Vão chegando as burguesinhas pobres
E as crianças das burguesinhas ricas
E as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza”
E eu, e você, e todos aqueles que acreditavam na nossa luta assumimos publicamente o compromisso.
ANÁFORA
Anáfora é a figura sintática que consiste na repetição da mesma palavra ou construção no início de várias orações, períodos ou versos.
Observe:
“Grande no pensamento, grande na ação, grande na glória, grande no infortúnio, ele morreu desconhecido e só." (Rocha Lima)
"Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente E dor que desatina sem doer."(Camões)
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere.” (Vieira)
PLEONASMO
Pleonasmo é também um caso de repetição, mas que envolve uma redundância. Quer dizer, no pleonasmo há uma repetição desnecessária, tanto do ponto de vista sintático quanto do ponto de vista semântico.
A oração já analisada anteriormente:
Aos rapazes, deu-lhes dinheiro.
Apresenta um pleonasmo: "aos rapazes" e o pronome "lhes" exercem exatamente a mesma função sintática dentro desta oração - de objeto indireto. Dizemos, então, que há um pleonasmo do objeto indireto.
Veja outros exemplos:
As minhas roupas, quero até arrancá-las!
Os termos "minhas roupas" e "las" exercem a mesma função sintática - de objeto direto. Neste caso, há um pleonasmo do objeto direto.
Realmente, as catástrofe sociais só podem provocá-las as próprias classes dominantes.
Os termos "catástrofes" e "las" exercem a mesma função sintática - de objeto direto.
HIPÉRBATO OU INVERSÃO
Hipérbato ou inversão é a figura sintática que consiste na inversão da ordem natural e direta dos termos da oração.
Observe:
"Passeiam, à tarde, as belas na Avenida."
(Carlos Drummond de Andrade) (= As belas passeiam na Avenida à tarde.)
"Passarinho, desisti de ter." (Rubem Braga)
(= Desisti de ter passarinho.)
"Nada pode a máquina inventar das coisas."
(Carlos Drummond de Andrade) (= A máquina nada pode inventar das coisas.)
"Enquanto manda as ninfas amorosas grinal nas cabeças pôr de rosas. "(Camões)
(= Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de nas cabeças.)
ANACOLUTO
Anacoluto é a figura sintática que ocorre quando um termo antecipa o fica desligado sintaticamente da oração, dado a um desvio que a construção da oração sofreu.
Na oração:
Nessas empregadas de hoje não se pode confiar.
Há uma inversão. Na ordem direta diríamos: "Não se pode confiar nessas empregadas de hoje”. Se alterássemos a oração ainda um pouco mais:
Nessas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.
Estaríamos diante de um caso de pleonasmo. Os termos "nessas empregadas" e "nelas" exercem a mesma função sintática - objeto indireto do verbo “confiar”. Se a oração, no entanto, fosse:
“Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado)
Estaríamos diante de um caso de anacoluto. “Essas em regadas de hoje” não pode exercer a função de objeto indireto, pois a, expressão não aparece introduzida pela preposição, que o verbo confiar exige. Temos, dessa forma um termo que não se liga sintaticamente à oração, já que não cumpre nenhuma função sintática, embora esclareça quem são “elas” , em quem não se pode confiar.
FIGURAS DE PENSAMENTO
As figuras de pensamento consistem numa alteração, num desvio, ao nível da intenção do falante. Essa alteração não se dá na expressão, mas anteriormente, no próprio processo de e elaboração mental da expressão. Dessa forma, as figuras de pensamento não podem ser detectadas a partir de um termo que substitui outro ou de um desvio em relação às normas gramaticais.
ANTÍTESE
Antitese é a figura de pensamento que consiste em opor a uma idéia outra de sentido contrário.
Veja o exemplo:
“Não existiria som se não Houvesse o silêncio Não haveria luz se não Fosse a escuridão A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim.” (Lulu Santos- Nelson Mota)
Observe que os versos constroem-se a partir de oposições, de antíteses: som-silencio, luz-escuridão, dia-noite não-sim. É interessante notar, nos dois últimos versos, própria justificativa da existência de antíteses. Quando se diz que “vida é assim mesmo/dia e noite, não e sim” está-se apontando a importância da antítese no processo humano de compreensão das coisas. Sabemos que uma coisa não é outra porque criamos uma oposição entre elas. O que seria o branco se não existisse preto? O que seria a felicidade se não houvesse a infelicidade? Utilizamos mui o contraste, a oposição, para organizarmos a nossa compreensão de tudo que nos cerca.
PARADOXO
Há alguns casos em que a antítese está condensada dentro de uma mesma unidade da frase:
E1a é bonita e feia.
Tanto "bonita" quanto "feia" são adjetivos que se referem ao sujeito “ela” . Os dois adjetivos pertencem a uma mesma unidade da frase, ambos qualificam um mesmo ser. Mas estes dois adjetivos têm sentidos opostos.Veja outro exemplo :
“O amor (...)
É um contentamento descontente.” (Camões)
Aí temos um substantivo (contentamento) ao qual liga um adjetivo (descontente). Ambos pertencem a u mesma unidade da frase, mas têm sentidos opostos.
Quando termos de sentido contrário estão ligados nu ma mesma unidade da frase, reunindo idéias contrárias e aparentemente inconciliáveis, a antítese ganha um nome especial: paradoxo.
IRONIA
Ironia é a figura de pensamento que consiste em sugerir, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir.
Veja:
Você foi sutil coma um elefante.
Embora esta expressão contenha a idéia de que o sujeita foi sutil, a idéia de sutileza é desmentida pela comparação que se estabelece entre a sutileza do sujeito e a d elefante: a intenção do falante é oposta aquilo que está expresso na frase.
Observe:
Ouça as buzinas, os xingos, os palavrões! Não encantador o trânsito de São Paulo?
Veja, agora, este caso:
Você realmente é muito esperto.
Esta frase, aparentemente, não contém nenhuma ironia. Mas, dependendo da situação em que ela é utilizada, da entonação que se der às palavras, ela pode ser altamente irônica. Este é um aspecto bastante importante da ironia: o fato de ela não estar nas palavras em si, mas “por trás” das palavras.
PERÍFRASE
Perífrase é a figura de pensamento que consiste na criação de um torneio de palavras para expressar alguma idéia.
Em lugar de nos referirmos diretamente a Deus, criamos a perífrase “aquele que tudo pode”. Em vez de aludirmos diretamente à morte, criamos a perífrase “a sombra negra que a todos envolve" . Veja outros exemplos:
As pessoas que tudo querem (= os vorazes, os gananciosos) nada conseguem.
Como você deve ter percebido, a perífrase é muito parecida com a antonomásia, figura de palavra já estudada no começo deste livro. De fato, muitos autores não fazem distinção entre essas duas figuras, ou mesmo confundem uma com a outra. Em linhas gerais, a antonomásia refere-se a nomes próprios, a pessoas; e a perífrase é um torneio verbal que serve para substituir qualquer palavra, seja ela um nome próprio ou não.
EUFEMISMO
Eufemismo é uma palavra ou expressão empregada por outra palavra ou expressão considerada desagradável, grosseira. O eufemismo procura atenuar o sentido de determinados termos que geralmente são considerados demasiado fortes pelos falantes da língua. No eufemismo, existe uma intenção, por parte do falante, de não chocar o seu interlocutor.
Você já deve ter ouvido frases do tipo:
Foi bom, pelo menos ele descansou.
A utilização do verbo “descansar” atenua o impacto da idéia de “morrer”. A morte, na nossa cultura, ê considerada algo desagradável, assustador, daí a grande quantidade de eufemismo criados e utilizados para designar essa idéia: falecer, passar desta para a melhor, ganhar a vida
HIPÉRBOLE
Hipérbole é a figura de pensamento que ocorre quando há á exageração de uma idéia.
Quando dizemos:
Fazia quase um século que a gente não se encontrava.
“um século" não pode ser compreendido como “período de cem anos”. Queremos, de fato, dizer que fazia muito tempo que não nos encontrávamos.
GRADAÇÃO
Gradação é a figura de pensamento que ocorre quando há uma seqüência de palavras - sinônimas ou não que intensificam uma mesma idéia.
Observe :
"Dissecou-a, a tal arte, que ela, rota, baça, nojenta, vil sucumbi... (Raimundo Correia),
A seqüência "rota, baça, nojenta, vil" é que vai expressar o nível de degradação a que "ela" chegou . Não se trata simplesmente e qualificar o processo.
“O trigo... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se.” (Vieira)
A expressão desdobra-se em vários termos, procurando intensificar a idéia de processo e criar uma sensação/ emoção especial no leitor. O discurso dos políticos, tentando atingir (convencer) a totalidade dos ouvintes, freqüentemente lança mão do recurso da gradação:
PROSOPOPEIA OU PERSONIFICAÇÃO
Prosopopeia ou personificação é a figura que consiste em pensar seres inanimados ou irracionais como se eles fossem humanos, atribuindo-lhes linguagem, senti mentos e ações típicos dos seres humanos.
Veja o exemplo:
"O vento beija meus cabelos As ondas lambem minhas pernas O sol abraça o meu corpo." (Lulu Santos- Nelson Mota)
Nesses versos, ações humanas (beijar, lamber, abraçar) são atribuídas a elementos da natureza (vento, ondas sol). '
Observe outros exemplos:
"Olha o Tejo a sorrir-me." (Fernando Pessoa)
“Uma ilusão gemia em cada canto, Chorava em cada canto uma saudade!"
As árvores são tolas: se despem justamente quando começa o inverno.
A prosopopéia ou personificação é uma figura bastante utilizada em fábulas, nas quais os animais ganham características humanas. Nas fábulas, os animais falam, têm sentimentos, brigam, etc.
APÓSTROFE
Apóstrofe ê a figura de pensamento que ocorre quando nos referimos a uma pessoa ou coisa que pode ser real ou imaginária, que pode estar presente ou ausente. A apóstrofe é utilizada para dar ênfase à expressão, uma vez que raramente o interlocutor está presente e muitas vezes ele é um ser abstrato ou um ser que não terá condições de ouvir nossa interpretação.
Observe :
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
Nesse exemplo, o autor, para dar mais emotividade à sua fala, dirige-se ao mar que, obviamente, não vai compreender as palavras que lhe são dirigidas.
Veja outros exemplos:
“Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
“Deus! Deus! onde estás que não respondes?" (Castro Alves)
“Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto .
O pronome “te" , nesse verso, refere-se à cidade d São Paulo, a interlocutora do poeta. Ele "fala" com a cidade, embora seja óbvio que esta interlocutora seja uma abstração .
FIGURAS DE SOM OU DE HARMONIA
Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ao longo de uma oração ou texto, ou ainda quando se procura "imitar" os barulhos e sons produzidos pelas coisas ou seres.
ALITERAÇÃO
Aliteração é a figura de som provocada pela incidência reiterada de algumas consoantes ou fonemas consonantes.
“Que um Fraco Rei Faz Fraca a forte gente!”
A letra de Caetano Veloso para a música `Pipoca moderna' é construída toda a partir de aliterações sobre os fonemas / n / e / p / . Leia em voz alta para perceber o efeito sonoro criado por essas aliterações:
E era Nada de Nem Noite de Nego Não
E era Nê de Nunca mais
E era Noite de Nê Nunca de Nada mais
E era Nem de Negro Não
Porém Parece que a golpes de Pê
De Pé de Pão
De Parecer Poder
(e era Não de Nada Nem)
Aqui, as aliterações marcam fortemente o ritmo ocorrerem a intervalos regulares. Esses intervalos não são, cada verso, nunca maiores que duas sílabas. A única exceção ocorre no verso ` `porém parece que a golpes de pê" onde o intervalo maior acentua a mudança do fonema te ma: a partir desse verso e nos dois que se seguem a aliteração recairá sobre o fonema / p / .
ASSONÂNCIA
Assonância é a repetição de vogais e de sílabas semelhantes, mas não idênticas.
Observe :
"Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana Sou Ana de Amsterdaim”.
(Chico Buarque de Holanda)
O segmento -ana aparece repetido cinco vezes ao longo dos três versos: às vezes, “Ana” é um segmento autônomo, uma palavra; outras, -ana aparece repetido no interior de outras palavras (em cana, fulana, bacana) . Se você ler o trecho em voz alta, vai perceber que -ama (de cama) e n primeiro -am de Amsterdam (perceba que o segundo -arri é urna grafia do fonema nasal / ã / , enquanto no primeiro pronunciamos o m) são sons muito próximos ao do segmento -ana.
É justamente a essa repetição de segmentos com sons semelhantes, em várias palavras de um mesmo texto, que chamamos assonância. Mas a assonância pode ainda ser obtida pela repetição de uma vogal:
PARONOMÁSIA
Paronomásia é a figura de som que consiste no emprego de palavras parônimas, ou seja, palavras semelhantes no som, porém com significações diversas.
Observe:
“Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo! )".
(Ribeiro Couto)
Os termos “houve" (verbo haver) e “ouve" (verbo ouvir) coincidem do ponto de vista sonoro, embora se grafem e formas diferentes e tenham significados diversos. !~ coincidência sonora cria uma tensão semântica na poesia:. ela da novas significações à relação dos tempos presente e passado .
ONOMATOPEIA
Onomatopeia é a palavra ou conjunto de palavras que representa um ruído ou som.
Nas histórias em quadrinhos, podemos encontrar inúmeros exemplos de onomatopéias: ` “click” sobre o desenho de uma máquina fotográfica; "cabranch" representando o barulho e uma explosão e acompanhando o desenho de uma casa em chamas; "bip! bip! bip!" para o barulho do alarme que pega um ladrão desprevenido; etc. onomatopéia nos quadrinhos é, em geral, um recurso para melhor representar as ações e os fatos, expressando o ruído que os acompanha na realidade.
Muitos os ruídos e sons representados por onomatopéias acabam por se incorporar ã língua. Algumas vão até motivar a criação, por derivação, de novas palavras:
o barulho do relógio tic-tac
a “voz” do gato miau!
a “voz” do galo cocoricó
a “voz” dos passarinhos piu-piu
o barulho de um apito trrrrriiiiiii
CONCLUSÃO
A língua portuguesa é extensa, as figuras de linguagem servem somente para deixar a linguagem mais bonita e diversificada.
Bibliografia
1. Pré-vestibular SEMES 1 – Estácio de Sá
2. Enciclopédia Encarta – Sem autores fixos – Microsoft corporation ©
3. Figuras de Linguagem – Helio Seixas Guimarães, Ana Cecília Lessa - Atual Editora
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Por que alguns espíritos se sentem ainda como se encarnados fossem
Pergunta - "Podereis explicar-nos, agora, qual a razão pela qual alguns irmãos desencarnados passam, às vezes, séculos supondo-se vivos, ou antes, habitantes, ainda, da Terra, num corpo carnal? Onde reside o mecanismo de tal fenômeno ?"
Resposta - "Em primeiro lugar, o fato ocorre porque suas ideias, quanto ao mundo espiritual, eram bem diferentes daquilo que os cerca após a morte, ao passo que se sentem mais vivos, mais vibráteis do que se sentiam quando humanos. Em segundo, porque são teimosos, retrógrados, cegos que não querem ver, ou seja, são senhores da própria vontade para aceitarem ou rejeitarem este ou aquele fato, tal como o eram na Terra. Não obstante, existem causas múltiplas no "mecanismo" que inventastes para complicar o acontecimento, ou o ensinamento, que os códigos da Revelação Espírita já ofereceram aos atentos... (...)
Quando encetais longa viagem, a trepidação do comboio, que vos perturbou os nervos e as sensibilidades mentais, não prolongam, embora vagamente, as impressões da viagem, não obstante já tenhais chegado ao destino? Não continuais revendo as paisagens que foram contempladas, não vos ensurdecem ainda os rumores do veículo, não continuais mesmo a sentir como se estivésseis no veículo em movimento? Só no dia seguinte, após sono reparador, estareis sereno, refeito do trauma nervoso-mental... Não esqueçamos, outrossim, que as impressões e as sensações são vigorosamente mais intensas nos desencarnados do que nas criaturas humanas. Assim sendo, um choque violento, o ódio inveterado (espécie de traumatismo moral-sentimental), a vingança e até o amor desordenado operam tais fenômenos, e o seu mecanismo está sediado no poder natural da mente, na vontade imperiosa que agiu à revelia da própria consciência, na inferioridade dos sentimentos, pois tudo isso resulta do acervo de paixões incontroláveis.
A uma entidade em boas condições morais e mentais não sucederá o mesmo. Demorais a entender tal "mecanismo" porque vos achais ainda longe de compreender a intensidade das sensações e das impressões de um desencarnado, assim como do seu poder mental. Existem Espíritos que, afastados da vida terrena há séculos, insistem em viver consoante suas inclinações apaixonadas, ou seja, habitando castelos e praças fortes, como o fizeram em seus tempos de condestáveis. A vontade que têm de prolongar a época do fausto e do poderio e a força mental de que podem dispor retêm as lembranças do passado, consolidam-nas, e eles assim permanecem, dentro da época em que viveram sobre a Terra, mas sem compreenderem o que realmente se passa. Se lhes perguntarmos: "Sois homens ou Espíritos alados?", responderão: "Somos homens!". E porque vivem e agem como homens, frequentemente se intrometem na vida dos homens terrestres, influenciando-os em mil e uma peripécias cotidianas...
O Além-Túmulo pertinente à Terra está crivado de castelos, abadias, cortes poderosas, praças fortes e até tribunais e patíbulos. A Inquisição, ali, ainda não foi extinta! E todos os seus habitantes, ou criadores, se consideram vivos (como realmente são, embora destituídos da carne), ignorando, muitos deles, que são desencarnados. Alguns não passam de hipócritas, ao afirmarem tal, pois conhecem a própria situação, embora não entendam muito bem o que se passa. Outros fingem ignorar o verdadeiro estado, devido ao terror que sentem pela morte, a qual lhes trará o julgamento divino, segundo as crenças que esposam. Há, ainda, aqueles que não se sentem animados para a responsabilidade que a evidência de tal realidade acarreta para o desencarnado, e outros ainda vacilam... Mais raros são, com efeito, os sinceros no afirmar a ignorância de um acontecimento que se impõe pela força da própria realidade.. afora os recém-desencarnado de ordem medíocre ou inferior. Aliás, todos eles vivem dentro da Eternidade. E o que são dois séculos, dois milênios para a Eternidade?...
Não deveis complicar acontecimentos dessa ordem com discussões estéreis, interpretações personalistas ou suposições arriscadas. Deveis é reestudar atentamente, metodicamente, o que há sido concedido com a Revelação Espírita, elevando-vos, quanto possível, ao nível de sinceros intérpretes do Mundo Invisível, propagando os segredos que fordes desvendando, explicando-os do alto das tribunas, através da imprensa, em "mesas redondas" ou em reuniões públicas ou particulares, porque o homem hodierno tem urgente necessidade de conhecer certos grandes e terríveis segredos do Além, a fim de se conduzir à altura da responsabilidade de ser partícula da própria essência divina, como Espírito imortal que em verdade é, e não apenas substância material destinada ao monturo da sepultura. A Revelação Espírita é bela, grandiosa e profunda. Que não vos detenhais, pois, na sua propagação, descerrando os véus dos grandes ensinamentos que ela traz, pois este é o vosso dever, e para isso nascestes dotados do inapreciável poder que vos torna porta-voz de dois mundos.. . "
Edificante e esclarecedor diálogo travado entre a médium Yvonne A. Pereira e um guardião da Espiritualidade, assistente do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes; retirado da obra "Devassando o Invisível", de Yvonne A. Pereira, edição FEB, 2001, pp. 275-279.
Resposta - "Em primeiro lugar, o fato ocorre porque suas ideias, quanto ao mundo espiritual, eram bem diferentes daquilo que os cerca após a morte, ao passo que se sentem mais vivos, mais vibráteis do que se sentiam quando humanos. Em segundo, porque são teimosos, retrógrados, cegos que não querem ver, ou seja, são senhores da própria vontade para aceitarem ou rejeitarem este ou aquele fato, tal como o eram na Terra. Não obstante, existem causas múltiplas no "mecanismo" que inventastes para complicar o acontecimento, ou o ensinamento, que os códigos da Revelação Espírita já ofereceram aos atentos... (...)
Quando encetais longa viagem, a trepidação do comboio, que vos perturbou os nervos e as sensibilidades mentais, não prolongam, embora vagamente, as impressões da viagem, não obstante já tenhais chegado ao destino? Não continuais revendo as paisagens que foram contempladas, não vos ensurdecem ainda os rumores do veículo, não continuais mesmo a sentir como se estivésseis no veículo em movimento? Só no dia seguinte, após sono reparador, estareis sereno, refeito do trauma nervoso-mental... Não esqueçamos, outrossim, que as impressões e as sensações são vigorosamente mais intensas nos desencarnados do que nas criaturas humanas. Assim sendo, um choque violento, o ódio inveterado (espécie de traumatismo moral-sentimental), a vingança e até o amor desordenado operam tais fenômenos, e o seu mecanismo está sediado no poder natural da mente, na vontade imperiosa que agiu à revelia da própria consciência, na inferioridade dos sentimentos, pois tudo isso resulta do acervo de paixões incontroláveis.
A uma entidade em boas condições morais e mentais não sucederá o mesmo. Demorais a entender tal "mecanismo" porque vos achais ainda longe de compreender a intensidade das sensações e das impressões de um desencarnado, assim como do seu poder mental. Existem Espíritos que, afastados da vida terrena há séculos, insistem em viver consoante suas inclinações apaixonadas, ou seja, habitando castelos e praças fortes, como o fizeram em seus tempos de condestáveis. A vontade que têm de prolongar a época do fausto e do poderio e a força mental de que podem dispor retêm as lembranças do passado, consolidam-nas, e eles assim permanecem, dentro da época em que viveram sobre a Terra, mas sem compreenderem o que realmente se passa. Se lhes perguntarmos: "Sois homens ou Espíritos alados?", responderão: "Somos homens!". E porque vivem e agem como homens, frequentemente se intrometem na vida dos homens terrestres, influenciando-os em mil e uma peripécias cotidianas...
O Além-Túmulo pertinente à Terra está crivado de castelos, abadias, cortes poderosas, praças fortes e até tribunais e patíbulos. A Inquisição, ali, ainda não foi extinta! E todos os seus habitantes, ou criadores, se consideram vivos (como realmente são, embora destituídos da carne), ignorando, muitos deles, que são desencarnados. Alguns não passam de hipócritas, ao afirmarem tal, pois conhecem a própria situação, embora não entendam muito bem o que se passa. Outros fingem ignorar o verdadeiro estado, devido ao terror que sentem pela morte, a qual lhes trará o julgamento divino, segundo as crenças que esposam. Há, ainda, aqueles que não se sentem animados para a responsabilidade que a evidência de tal realidade acarreta para o desencarnado, e outros ainda vacilam... Mais raros são, com efeito, os sinceros no afirmar a ignorância de um acontecimento que se impõe pela força da própria realidade.. afora os recém-desencarnado de ordem medíocre ou inferior. Aliás, todos eles vivem dentro da Eternidade. E o que são dois séculos, dois milênios para a Eternidade?...
Não deveis complicar acontecimentos dessa ordem com discussões estéreis, interpretações personalistas ou suposições arriscadas. Deveis é reestudar atentamente, metodicamente, o que há sido concedido com a Revelação Espírita, elevando-vos, quanto possível, ao nível de sinceros intérpretes do Mundo Invisível, propagando os segredos que fordes desvendando, explicando-os do alto das tribunas, através da imprensa, em "mesas redondas" ou em reuniões públicas ou particulares, porque o homem hodierno tem urgente necessidade de conhecer certos grandes e terríveis segredos do Além, a fim de se conduzir à altura da responsabilidade de ser partícula da própria essência divina, como Espírito imortal que em verdade é, e não apenas substância material destinada ao monturo da sepultura. A Revelação Espírita é bela, grandiosa e profunda. Que não vos detenhais, pois, na sua propagação, descerrando os véus dos grandes ensinamentos que ela traz, pois este é o vosso dever, e para isso nascestes dotados do inapreciável poder que vos torna porta-voz de dois mundos.. . "
Edificante e esclarecedor diálogo travado entre a médium Yvonne A. Pereira e um guardião da Espiritualidade, assistente do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes; retirado da obra "Devassando o Invisível", de Yvonne A. Pereira, edição FEB, 2001, pp. 275-279.
Mensagem de Samuel Hahnemann (criador da Homeopatia):
Samuel Hahnemann mudou-se muito de domicílio e tratava de uma clientela que lhe era fiel, sendo comum que recebesse solicitações de consultas por carta,solicitações a que atendia também pela mesma via. Por volta do ano de 1800, recebeu uma carta escrita por um alfaite de 42 anos, que era portador de estrutura orgânica delicada e lhe pedia orientação medicamentosa para se tratar de estafa. Naquela época um profissional daquele ofício geralmente era homem culto e ele recorreu ao auxílio de Hahnemann após ter sido desenganado pelos médicos de sua região. Aparentemente sua consulta não foi em vão: consta que viveu ainda por mais de 50 anos após ter recebido a resposta de Hahnemann.
Ei-la aqui:
" O delicado engenho humano não foi projetado para o excesso de trabalho. Se algum ser humano assim proceder por ambição, amor ao lucro, ou por qualquer outro motivo pleno de louvor ou de censura, coloca-se em oposição à ordem da Natureza, e sujeita o seu corpo a sofrer dano ou destruição. Tanto mais se o organismo já estiver, por algum motivo,
enfraquecido.
Então, meu caro amigo: o que não puderes fazer em uma semana, faze em duas.Teus fregueses podem não estar com paciência para aguardar, mas eles também não podem racionalmente querer que adoeças, ou que morras de tanto trabalhar a fim de satisfazer as vontades deles, transformando tua esposa numa viúva e teus filhos em órfãos. Não é só o aumento do trabalho físico o que está a te prejudicar, mas bem mais a tensão mental concomitante que, por sua vez,novamente afeta o corpo de maneira prejudicial. Se não assumires uma atitude de calma indiferença, adotando o princípio de viver primeiro para ti mesmo,e só após para os outros, há pouca chance de que te recuperes. Quando estiveres na tua sepultura os homens ainda estarão vestidos, talvez não com tanta elegância, mais ainda toleravelmente bem. Se fores sábio, podes tornar-se saudável e até mesmo atingir uma idade avançada.
Se algo te importuna, ignora-o; se algo te é demais, não te ocupes com isso; se outros tentam manipular o teu tempo, vai devagar e ri dos tolos que queiram te aborrecer. Aquilo que puderes confortavelmente realizar, realiza;não te molestes com o que não puderes fazer, pois as nossas condições materiais não melhoram através da pressão exercida por sobrecarga de trabalho. Tu apenas te desgastarás proporcionalmente mais com teus afazeres domésticos sem aferir qualquer lucro no final.
Economia e limitação de supérfluos (aqueles bens que quem trabalha duro quase sempre não possui) nos coloca em posição de viver com maior conforto - ou seja, de maneira mais racional, mais inteligente, mais de acordo com a Natureza, com mais alegria, maior tranqüilidade e melhor saúde. Por conseguinte devemos agir com mais comedimento, sabedoria e prudência, ao invés de trabalharmos em esbaforida correria, submetendo nossos nervos à constante tensão, que destrói os mais preciosos tesouros da vida: paz no pensamento e boa saúde.
Sê mais prudente, considera a ti mesmo em primeiro lugar e deixa que tudo o mais te seja secundário em importância; e se porventura afirmarem, em nome da honra, que faz parte de teus compromissos produzires mais do que for bom para o teu potencial físico e mental, mesmo assim, por amor a Deus, não te permitas ser conduzido a fazer o que é contrário ao teu próprio bem-estar.
Permanece surdo à corrupção do elogio, acalma-te e segue teu próprio curso
lenta e suavemente, como um homem sadio e sensato. Desfrutar com a mente e
corpo tranqüilos, esta é a razão para a qual o homem está no mundo, e para
trabalhar somente o tanto necessário para conquistar os meios desse
desfrute - e não, com certeza, para se deixar consumir e fatigar pelo trabalho.
O eterno esforço e empenho dos mortais de curta visão a fim de lucrar mais e
mais, de assegurar uma honra ou outra, de prestar um serviço a esta ou
àquela personalidade -- tudo isso geralmente é fatal ao bem-estar e constitui
causa comum de envelhecimento e de morte precoces.
O homem calmo e moderado, que deixa as coisas fluírem suavemente, atinge o mesmo objetivo, vive mais tranqüilo e saudavelmente, e conquista uma boa velhice. Em seus momentos de paz pode haver espaço para acolher uma idéia feliz, fruto de um pensamento sábio e original, que dê um ímpeto lucrativo aos seus afazeres temporais. Lucro bem maior do que pode ser obtido pelo homem sobrecarregado que nunca encontra tempo para concentrar seus pensamentos.
Para vencer a corrida, só velocidade não é suficiente. Empenha-te em permanecer um pouco indiferente, em ser calmo e tranqüilo e então chegarás a ser aquilo que eu desejo que tu sejas. Experimentará coisas maravilhosas;
verás quão saudável te tornarás se seguires o meu conselho. E teu sangue
correrá calmo e serenamente em tuas veias, sem esforço ou agitação. Nenhum
sonho terrível perturba o sono daquele que se deita para repousar com nervos calmos, e o homem que está livre de preocupações acorda pela manhã sem ansiedade a respeito dos múltiplos afazeres que o aguardam durante o dia.
Para que se preocupar? A alegria da vida lhe é mais importante do que
qualquer outra coisa. Com fresco vigor inicia moderadamente teu trabalho e
durante tuas refeições nada, nem ebulições de sangue, nem preocupações, nem
ansiedade te impeçam de saborear o que o Beneficente Provedor da Vida coloca diante de ti; e assim, um dia se segue a outro em tranqüila sucessão, até que, finalmente, com uma idade avançada, chegues ao término de uma vida bem vivida, e repouses serenamente noutro mundo, como neste calmamente viveste.
Isto não é mais racional, mais sensato? Deixa que os homens insaciáveis e
autodestrutivos hajam tão irracional e danosamente contra si mesmos quanto o quiserem; deixa que sejam tolos, mas tu deves ser mais sábio.
Não me deixes revelar esta sabedoria a respeito da vida em vão. Quero-te bem.
Adeus. Segue meu conselho e quando tudo estiver bem contigo, lembre-se do
Dr. S. Hahnemann.
PS: Ainda que te vejas reduzido ao teu último centavo, permaneça alegre e de
bom ânimo. A Providência olha por nós e uma boa oportunidade deixa tudo
certo de novo. Quanto necessitamos para viver, para restaurar nossas forças com alimentos e líquidos sadios, ou para nos defendermos do frio e do calor?
Pouco mais do que coragem. Quando nós a possuímos podemos obter o essencial sem muito problema. O sábio não necessita senão de pouco. A energia conservada não precisa ser renovada por remédios".
Ei-la aqui:
" O delicado engenho humano não foi projetado para o excesso de trabalho. Se algum ser humano assim proceder por ambição, amor ao lucro, ou por qualquer outro motivo pleno de louvor ou de censura, coloca-se em oposição à ordem da Natureza, e sujeita o seu corpo a sofrer dano ou destruição. Tanto mais se o organismo já estiver, por algum motivo,
enfraquecido.
Então, meu caro amigo: o que não puderes fazer em uma semana, faze em duas.Teus fregueses podem não estar com paciência para aguardar, mas eles também não podem racionalmente querer que adoeças, ou que morras de tanto trabalhar a fim de satisfazer as vontades deles, transformando tua esposa numa viúva e teus filhos em órfãos. Não é só o aumento do trabalho físico o que está a te prejudicar, mas bem mais a tensão mental concomitante que, por sua vez,novamente afeta o corpo de maneira prejudicial. Se não assumires uma atitude de calma indiferença, adotando o princípio de viver primeiro para ti mesmo,e só após para os outros, há pouca chance de que te recuperes. Quando estiveres na tua sepultura os homens ainda estarão vestidos, talvez não com tanta elegância, mais ainda toleravelmente bem. Se fores sábio, podes tornar-se saudável e até mesmo atingir uma idade avançada.
Se algo te importuna, ignora-o; se algo te é demais, não te ocupes com isso; se outros tentam manipular o teu tempo, vai devagar e ri dos tolos que queiram te aborrecer. Aquilo que puderes confortavelmente realizar, realiza;não te molestes com o que não puderes fazer, pois as nossas condições materiais não melhoram através da pressão exercida por sobrecarga de trabalho. Tu apenas te desgastarás proporcionalmente mais com teus afazeres domésticos sem aferir qualquer lucro no final.
Economia e limitação de supérfluos (aqueles bens que quem trabalha duro quase sempre não possui) nos coloca em posição de viver com maior conforto - ou seja, de maneira mais racional, mais inteligente, mais de acordo com a Natureza, com mais alegria, maior tranqüilidade e melhor saúde. Por conseguinte devemos agir com mais comedimento, sabedoria e prudência, ao invés de trabalharmos em esbaforida correria, submetendo nossos nervos à constante tensão, que destrói os mais preciosos tesouros da vida: paz no pensamento e boa saúde.
Sê mais prudente, considera a ti mesmo em primeiro lugar e deixa que tudo o mais te seja secundário em importância; e se porventura afirmarem, em nome da honra, que faz parte de teus compromissos produzires mais do que for bom para o teu potencial físico e mental, mesmo assim, por amor a Deus, não te permitas ser conduzido a fazer o que é contrário ao teu próprio bem-estar.
Permanece surdo à corrupção do elogio, acalma-te e segue teu próprio curso
lenta e suavemente, como um homem sadio e sensato. Desfrutar com a mente e
corpo tranqüilos, esta é a razão para a qual o homem está no mundo, e para
trabalhar somente o tanto necessário para conquistar os meios desse
desfrute - e não, com certeza, para se deixar consumir e fatigar pelo trabalho.
O eterno esforço e empenho dos mortais de curta visão a fim de lucrar mais e
mais, de assegurar uma honra ou outra, de prestar um serviço a esta ou
àquela personalidade -- tudo isso geralmente é fatal ao bem-estar e constitui
causa comum de envelhecimento e de morte precoces.
O homem calmo e moderado, que deixa as coisas fluírem suavemente, atinge o mesmo objetivo, vive mais tranqüilo e saudavelmente, e conquista uma boa velhice. Em seus momentos de paz pode haver espaço para acolher uma idéia feliz, fruto de um pensamento sábio e original, que dê um ímpeto lucrativo aos seus afazeres temporais. Lucro bem maior do que pode ser obtido pelo homem sobrecarregado que nunca encontra tempo para concentrar seus pensamentos.
Para vencer a corrida, só velocidade não é suficiente. Empenha-te em permanecer um pouco indiferente, em ser calmo e tranqüilo e então chegarás a ser aquilo que eu desejo que tu sejas. Experimentará coisas maravilhosas;
verás quão saudável te tornarás se seguires o meu conselho. E teu sangue
correrá calmo e serenamente em tuas veias, sem esforço ou agitação. Nenhum
sonho terrível perturba o sono daquele que se deita para repousar com nervos calmos, e o homem que está livre de preocupações acorda pela manhã sem ansiedade a respeito dos múltiplos afazeres que o aguardam durante o dia.
Para que se preocupar? A alegria da vida lhe é mais importante do que
qualquer outra coisa. Com fresco vigor inicia moderadamente teu trabalho e
durante tuas refeições nada, nem ebulições de sangue, nem preocupações, nem
ansiedade te impeçam de saborear o que o Beneficente Provedor da Vida coloca diante de ti; e assim, um dia se segue a outro em tranqüila sucessão, até que, finalmente, com uma idade avançada, chegues ao término de uma vida bem vivida, e repouses serenamente noutro mundo, como neste calmamente viveste.
Isto não é mais racional, mais sensato? Deixa que os homens insaciáveis e
autodestrutivos hajam tão irracional e danosamente contra si mesmos quanto o quiserem; deixa que sejam tolos, mas tu deves ser mais sábio.
Não me deixes revelar esta sabedoria a respeito da vida em vão. Quero-te bem.
Adeus. Segue meu conselho e quando tudo estiver bem contigo, lembre-se do
Dr. S. Hahnemann.
PS: Ainda que te vejas reduzido ao teu último centavo, permaneça alegre e de
bom ânimo. A Providência olha por nós e uma boa oportunidade deixa tudo
certo de novo. Quanto necessitamos para viver, para restaurar nossas forças com alimentos e líquidos sadios, ou para nos defendermos do frio e do calor?
Pouco mais do que coragem. Quando nós a possuímos podemos obter o essencial sem muito problema. O sábio não necessita senão de pouco. A energia conservada não precisa ser renovada por remédios".
quinta-feira, 1 de abril de 2010
AFLIGES-TE
AFLIGES-TE
Emmanuel/Chico Xavier
AFLIGES-TE com a vizinhança do parente menos simpático.
Esqueces-te, no entanto, dos que vagueiam sem rumo.
AFLIGES-TE com leve dor de cabeça que o remédio alivia.
Esqueces-te, porém, dos que carregam a provação da loucura na grade dos manicômios.
AFLIGES-TE por perder a condução, no momento oportuno.
Esqueces-te, entretanto, dos que jazem detidos em catres de sofrimento, suspirando pelo conforto de se arrastarem.
AFLIGES-TE pelo erro sanável da costureira, na vestimenta que encomendaste.
Esqueces-te, contudo, daqueles que ostentam a pele ultrajada de chagas, sem se queixarem.
AFLIGES-TE em casa porque alguém te não fez o prato de preferência.
Esqueces-te, todavia, dos que varam a noite, atormentados de fome.
AFLIGES-TE com as travessuras do filhinho desajustado.
Esqueces-te, contudo, das crianças perdidas, ao sabor da intempérie.
AFLIGES-TE por insignificantes deveres no ambiente doméstico.
Esqueces-te, porém, dos que choram sozinhos, no leito dos hospitais.
AFLIGES-TE, tantas vezes, por bagatelas!...
Fita, no entanto, a retaguarda e, reparando as aflições dos outros, agradecerás ao SENHOR a própria felicidade que não conseguias ver.
EMMANUEL.
Texto extraído do livro: "O Espírito da Verdade"
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira
Emmanuel/Chico Xavier
AFLIGES-TE com a vizinhança do parente menos simpático.
Esqueces-te, no entanto, dos que vagueiam sem rumo.
AFLIGES-TE com leve dor de cabeça que o remédio alivia.
Esqueces-te, porém, dos que carregam a provação da loucura na grade dos manicômios.
AFLIGES-TE por perder a condução, no momento oportuno.
Esqueces-te, entretanto, dos que jazem detidos em catres de sofrimento, suspirando pelo conforto de se arrastarem.
AFLIGES-TE pelo erro sanável da costureira, na vestimenta que encomendaste.
Esqueces-te, contudo, daqueles que ostentam a pele ultrajada de chagas, sem se queixarem.
AFLIGES-TE em casa porque alguém te não fez o prato de preferência.
Esqueces-te, todavia, dos que varam a noite, atormentados de fome.
AFLIGES-TE com as travessuras do filhinho desajustado.
Esqueces-te, contudo, das crianças perdidas, ao sabor da intempérie.
AFLIGES-TE por insignificantes deveres no ambiente doméstico.
Esqueces-te, porém, dos que choram sozinhos, no leito dos hospitais.
AFLIGES-TE, tantas vezes, por bagatelas!...
Fita, no entanto, a retaguarda e, reparando as aflições dos outros, agradecerás ao SENHOR a própria felicidade que não conseguias ver.
EMMANUEL.
Texto extraído do livro: "O Espírito da Verdade"
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira
AÇÃO DA PRECE
AÇÃO DA PRECE
André Luiz/Chico Xavier
Você é o lavrador.
O outro é o campo.
Você planta.
O outro produz.
Você é o celeiro.
O outro é o cliente.
Você fornece.
O outro adquire.
Você é o ator.
O outro é o público.
Você representa.
O outro observa.
Você é a palavra.
O outro é o microfone.
Você fala.
O outro transmite.
Você é o artista.
O outro é o instrumento.
Você toca.
O outro responde.
Você é a paisagem.
O outro é a objetiva.
Você surge.
O outro fotografa.
Você é o acontecimento
O outro é a noticia.
Você age.
O outro conta.
Auxilie quanto puder.
Faça o bem sem olhar a quem.
Você é o desejo de seguir para Deus.
Mas, entre Deus e você, o próximo é a ponte.
O Criador atende às criaturas, através das criaturas.
É por isso que a oração é você, mas o seu mereci¬mento está nos outros.
ANDRÉ LUIZ.
Texto extraído do livro: "O Espírito da Verdade"
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira.
André Luiz/Chico Xavier
Você é o lavrador.
O outro é o campo.
Você planta.
O outro produz.
Você é o celeiro.
O outro é o cliente.
Você fornece.
O outro adquire.
Você é o ator.
O outro é o público.
Você representa.
O outro observa.
Você é a palavra.
O outro é o microfone.
Você fala.
O outro transmite.
Você é o artista.
O outro é o instrumento.
Você toca.
O outro responde.
Você é a paisagem.
O outro é a objetiva.
Você surge.
O outro fotografa.
Você é o acontecimento
O outro é a noticia.
Você age.
O outro conta.
Auxilie quanto puder.
Faça o bem sem olhar a quem.
Você é o desejo de seguir para Deus.
Mas, entre Deus e você, o próximo é a ponte.
O Criador atende às criaturas, através das criaturas.
É por isso que a oração é você, mas o seu mereci¬mento está nos outros.
ANDRÉ LUIZ.
Texto extraído do livro: "O Espírito da Verdade"
Francisco Cândido Xavier / Waldo Vieira.
A Lição do Esquecimento
Livro: Família
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
Não fosse o olvido temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo a misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens se converteriam em feras a se digladiarem indefinidamente.
Não fosse o dom do esquecimento que envolve o berço terrestre, o ódio viveria eternizado transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais faríamos que chorar e lamentar, acusar e gemer.
A Divina Bondade, contudo, em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe no corpo físico o arado novo suscetível de valorizar-lhe a replantação do destino, no rumo do porvir.
De existência a existência, o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim de que saibamos metamorfosear espinhos em flores e aversões em laços divinos.
O Pai, no entanto, com semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial anestesia das chagas anteriores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.
Com essa dádiva, Ele que nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência a experiência, nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas faltas recíprocas, dia a dia.
Aprendamos a olvidar as úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de jornada, se nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de renovadores caminhos.
Cada dia é como que a "reencarnação da oportunidade", em que nos cabe aprender com o bem, redimindo o passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não mais se obscureça.
Nas tarefas de redenção, mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar com segurança e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.
O Senhor nos avaliza os débitos, para que possamos adquirir os recursos destinados ao nosso próprio reajustamento à frente da Lei.
Recordemos o exemplo do Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação e de queixas, emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia e doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.
Exaltemos o bem, dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores Gestos e em nossas mínimas tarefas, a cada instante da vida, e, somente assim, aprenderemos com o Senhor a olvidar a noite do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera no fulgor do amanhã.
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
Não fosse o olvido temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo a misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens se converteriam em feras a se digladiarem indefinidamente.
Não fosse o dom do esquecimento que envolve o berço terrestre, o ódio viveria eternizado transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais faríamos que chorar e lamentar, acusar e gemer.
A Divina Bondade, contudo, em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe no corpo físico o arado novo suscetível de valorizar-lhe a replantação do destino, no rumo do porvir.
De existência a existência, o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim de que saibamos metamorfosear espinhos em flores e aversões em laços divinos.
O Pai, no entanto, com semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial anestesia das chagas anteriores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.
Com essa dádiva, Ele que nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência a experiência, nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas faltas recíprocas, dia a dia.
Aprendamos a olvidar as úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de jornada, se nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de renovadores caminhos.
Cada dia é como que a "reencarnação da oportunidade", em que nos cabe aprender com o bem, redimindo o passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não mais se obscureça.
Nas tarefas de redenção, mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar com segurança e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.
O Senhor nos avaliza os débitos, para que possamos adquirir os recursos destinados ao nosso próprio reajustamento à frente da Lei.
Recordemos o exemplo do Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação e de queixas, emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia e doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.
Exaltemos o bem, dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores Gestos e em nossas mínimas tarefas, a cada instante da vida, e, somente assim, aprenderemos com o Senhor a olvidar a noite do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera no fulgor do amanhã.
A missão de Kardec
12 de junho de 1856 – (Em casa do Sr. C...; médium: Srta. Aline C...)
Pergunta (à Verdade) – Bom Espírito, eu desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos me assinaram. Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade, mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.
Resposta – Confirmo o que te foi dito, mas recomendo-te muita discrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem. Nunca, pois, fales da tua missão; seria a maneira de a fazeres malograr-se. Ela somente pode justificar-se pela obra realizada e tu ainda nada fizeste. Se a cumprires, os homens saberão reconhecê-lo, cedo ou tarde, visto que pelos frutos é que se verifica a qualidade da árvore.
P. – Nenhum desejo tenho certamente de me vangloriar de uma missão na qual dificilmente creio. Se estou destinado a servir de instrumento aos desígnios da Providência, que ela disponha de mim. Nesse caso, reclamo a tua assistência e a dos bons Espíritos, no sentido de me ajudarem e ampararem na minha tarefa.
R. – A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for necessário. Tens o teu livre-arbítrio, do qual podes usar como o entenderes. Nenhum homem é constrangido a fazer coisa alguma.
P. – Que causas poderiam determinar o meu malogro? Seria a insuficiência das minhas capacidades?
R. – Não; mas, a missão dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos. Previno-te de que é rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranqüilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Ora bem! não poucos recuam quando, em vez de uma estrada florida, só vêem sob os passos urzes, pedras agudas e serpentes. Para tais missões, não basta a inteligência. Faz-se mister, primeiramente, para agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmem Também são de necessidade prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e não lhes comprometer o êxito com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se, por fim, devotamente, abnegação e disposição a todos os sacrifícios.
Vês, assim, que a tua missão está subordinada a condições que dependem de ti. Espírito Verdade
Eu – Espírito Verdade, agradeço os teus sábios conselhos. Aceito tudo, sem restrição e sem idéia preconcebida.
Senhor! pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua vontade! Está nas tuas mãos a minha vida; dispõe do teu servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande tarefa; a minha boa-vontade não desfalecerá, as forças, porém, talvez me traiam. Supre à minha deficiência; dá-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Ampara-me nos momentos difíceis e, com o teu auxílio e dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para corresponder aos teus desígnios.
NOTA – Escrevo esta nota a 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi dada a comunicação acima e atesto que ela se realizou em todos os pontos, pois experimentei todas as vicissitudes que me foram preditas. em luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris se constituiu foco de contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas costas me golpeavam. Disseram que os que se me conservavam fiéis estavam à minha soldada o que eu lhes pagava com o dinheiro que ganhava do Espiritismo. Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência.
Graças, porém, à proteção e assistência dos bons Espíritos que incessantemente me deram manifestas provas de solicitude, tenho a ventura de reconhecer que nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e que prossegui, sempre com o mesmo ardor, no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a maldade de que era objeto. Segundo a comunicação do Espírito de Verdade, eu tinha de contar com tudo isso o tudo se verificou.
Mas, também, a par dessas vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de muitos aflitos a quem a Doutrina consolou! Este resultado não mo anunciou o Espírito de Verdade que, sem dúvida intencionalmente, apenas me mostrara as dificuldades do caminho. Qual não seria, pois, a minha ingratidão, se me queixasse! Se dissesse que há uma compensação entre o bem e o mal, não estaria com a verdade, porquanto o bem, refiro-me às satisfações morais, sobrelevaram de muito o mal. Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram.
(Obras Póstumas – 2ª Parte – Pág. 281)
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Pergunta (à Verdade) – Bom Espírito, eu desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos me assinaram. Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade, mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.
Resposta – Confirmo o que te foi dito, mas recomendo-te muita discrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem. Nunca, pois, fales da tua missão; seria a maneira de a fazeres malograr-se. Ela somente pode justificar-se pela obra realizada e tu ainda nada fizeste. Se a cumprires, os homens saberão reconhecê-lo, cedo ou tarde, visto que pelos frutos é que se verifica a qualidade da árvore.
P. – Nenhum desejo tenho certamente de me vangloriar de uma missão na qual dificilmente creio. Se estou destinado a servir de instrumento aos desígnios da Providência, que ela disponha de mim. Nesse caso, reclamo a tua assistência e a dos bons Espíritos, no sentido de me ajudarem e ampararem na minha tarefa.
R. – A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for necessário. Tens o teu livre-arbítrio, do qual podes usar como o entenderes. Nenhum homem é constrangido a fazer coisa alguma.
P. – Que causas poderiam determinar o meu malogro? Seria a insuficiência das minhas capacidades?
R. – Não; mas, a missão dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos. Previno-te de que é rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranqüilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Ora bem! não poucos recuam quando, em vez de uma estrada florida, só vêem sob os passos urzes, pedras agudas e serpentes. Para tais missões, não basta a inteligência. Faz-se mister, primeiramente, para agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmem Também são de necessidade prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e não lhes comprometer o êxito com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se, por fim, devotamente, abnegação e disposição a todos os sacrifícios.
Vês, assim, que a tua missão está subordinada a condições que dependem de ti. Espírito Verdade
Eu – Espírito Verdade, agradeço os teus sábios conselhos. Aceito tudo, sem restrição e sem idéia preconcebida.
Senhor! pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua vontade! Está nas tuas mãos a minha vida; dispõe do teu servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande tarefa; a minha boa-vontade não desfalecerá, as forças, porém, talvez me traiam. Supre à minha deficiência; dá-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Ampara-me nos momentos difíceis e, com o teu auxílio e dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para corresponder aos teus desígnios.
NOTA – Escrevo esta nota a 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi dada a comunicação acima e atesto que ela se realizou em todos os pontos, pois experimentei todas as vicissitudes que me foram preditas. em luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris se constituiu foco de contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas costas me golpeavam. Disseram que os que se me conservavam fiéis estavam à minha soldada o que eu lhes pagava com o dinheiro que ganhava do Espiritismo. Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência.
Graças, porém, à proteção e assistência dos bons Espíritos que incessantemente me deram manifestas provas de solicitude, tenho a ventura de reconhecer que nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e que prossegui, sempre com o mesmo ardor, no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a maldade de que era objeto. Segundo a comunicação do Espírito de Verdade, eu tinha de contar com tudo isso o tudo se verificou.
Mas, também, a par dessas vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira tão prodigiosa! Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de muitos aflitos a quem a Doutrina consolou! Este resultado não mo anunciou o Espírito de Verdade que, sem dúvida intencionalmente, apenas me mostrara as dificuldades do caminho. Qual não seria, pois, a minha ingratidão, se me queixasse! Se dissesse que há uma compensação entre o bem e o mal, não estaria com a verdade, porquanto o bem, refiro-me às satisfações morais, sobrelevaram de muito o mal. Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram.
(Obras Póstumas – 2ª Parte – Pág. 281)
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