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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

LINHA DO TEMPO DO CHOCOLATE

Entre 1.500 a.C. e 200 d.C. 
Por meio de análises de DNA, cientistas apontam o norte da América do Sul como o berço do cacau. Viajantes das rotas comerciais carregam as sementes para a América Central. O povo Olmeca, que constituiu uma das primeiras civilizações mesoamericanas e que vivia nas regiões tropicais do centro-sul do atual México, foi o responsável pelo início do cultivo da planta que mais tarde deu origem ao chocolate.

250-900 d.C. 
No México, os maias utilizam cacau como oferenda aos deuses. A semente começa a ser processada. Depois de fermentada, secada, tostada e moída, é obtida uma pasta, que é misturada a água, pimenta e farinha de milho. Surge a primeira forma do chocolate.

1400 
Astecas dominam a civilização maia. O cacau serve de alimento para o deus Tenochitlán. A bebida só circula entre nobres. Adoçada com mel e especiarias, ganha o nome de cacauhatl (água de cacau) ou xocoatl (água amarga) 
Bem mais tarde, cerca do século IV, a civilização Olmeca já não existia e na mesma região estava instalada a civilização Maia. O clima húmido servia na perfeição para a plantação e desenvolvimento da planta “cacahuaquchtl” (assim batizada pelos Maias).

1513 
O cacau já funcionava como moeda entre maias e astecas e, com o domínio dos espanhóis, a partir de 1502, o uso continua. O espanhol Fernando de Oviedo y Valdez comprou um escravo por cem sementes de cacau. Dez sementes pagavam uma prostituta e quatro davam direito a um coelho no jantar. 

1521 
O primeiro navio espanhol carregado de sementes de cacau chega à Europa. Os espanhóis adicionam açúcar à bebida dos astecas. 

1600-1799 
O chocolate quente vira sensação na Europa.
A rainha Anna, da Áustria, vira “chocólatra”. À base do trabalho braçal de escravos africanos, a Espanha e Portugal se tornam principais fornecedores.

1828 
O holandês Conrad Van Houten inventa uma máquina que extrai a manteiga do cacau. A parte restante é transformada em pó. A produção da bebida é industrializada. Surge o chocolate sólido, feito de manteiga, pó e massa de cacau. 

1847 
A primeira barra comercializada em escala foi produzida pela companhia inglesa J. S. Fry & Sons, localizada em Bristol. Tinha sabor amargo e bruto. Anos depois, a empresa começa a vender a Fry’s Chocolate Cream Bar. Em 1873, inventa o ovo de Páscoa.


1891 
Surge a primeira fábrica de chocolates do Brasil, a Neugebauer, fundada por imigrantes alemães no Rio Grande do Sul.

1913 
Publicada pela Walter Baker & Company a primeira receita de “tabletes de baunilha”, um doce feito com manteiga de cacau, açúcar, leite e baunilha, depois batizada de “chocolate branco” (que de chocolate só tem o nome: a fórmula não leva cacau, apenas a gordura tirada da semente). 

1938 -
Diamante Negro é uma marca pertencente à Lacta, que foi posteriormente transferida para a Kraft Foods Inc. com a compra da Lacta. Sua origem, em 1939, faz alusão a Leônidas da Silva, apelidado de "Diamante ... Barras de chocolate 
Nasce o Diamante Negro. É batizado em homenagem ao artilheiro da Copa da França, o brasileiro Leônidas da Silva. Lançado o bombom Sonho de Valsa e, quatro anos depois, o Bis. 

1937 
O poder energético e antidepressivo do chocolate é reconhecido pelo exército americano e começa a fazer parte da “ração D”, levada para a guerra pelos soldados. 

1941 
Nos EUA, Forrest Mars lança o M&M’s, pastilhas de chocolate recobertas com uma camada de açúcar colorido. Ele tinha visto soldados espanhóis comerem algo parecido durante a Guerra Civil Espanhola. A Mars é a maior compradora de cacau do mundo. 

1964 
O escritor britânico Roald Dahl cria o menino Charlie e os pequenos Oompa-Loompas com o livro A Fantástica Fábrica de Chocolate. A obra é levada às telas em 1971 por Mel Stuart, estrelada por Gene Wilder. Tim Burton apresentou a sua versão, com Johnny Depp como o doceiro Willie Wonka, em 2005.
 

1970 
Começa a fabricação brasileira de chocolate diet, para pessoas com diabetes. O sabor era muito ruim e só melhora a partir da década seguinte, com a combinação de novas substâncias para adoçar o cacau. 

1985 
Chantal Fravre-Bismuth, toxicóloga do Hospital Fernand Vidal, em Paris, investigou as causas da chamada "chocolatemania". Ela estudou como os compostos químicos do produto que afetam o corpo humano. Segundo ela, a dopamina, a fenietilamina e 17 receptores de anfetaminas são responsáveis pelo desejo de comer chocolate.

1997 
O artista brasileiro Vik Muniz, radicado em Nova York, lança quadros desenhados com chocolate derretido. 

2005 
Pesquisadores da Universidade Di L' Aquila, na Itália, comprovam que o consumo de chocolate meio-amargo, com alto teor de flavonoides, tem o poder de reduzir a pressão sanguínea em pessoas com hipertensão. 

2009 
Surge Le Whif, um tipo de chocolate inalável, que vem em uma embalagem parecida com uma carteira de cigarros. Vem em quatro sabores, livres de calorias
Atualmente, a indústria do chocolate movimenta uma economia global de cerca de 60 bilhões de dólares por ano. Mas os produtores de cacau apenas recebem pouco mais de 3% desse valor.

História do Cacau
O cacau foi citado pela primeira vez em literatura botânica no início do século XVII como Cacao fructus por Charles de Lecluse. Em 1737 foi introduzido o binômio Theobroma cacao L. A palavra Theobroma significa alimento dos deuses e é inspirada na crença mesoamericana da origem divina do cacaueiro. O termo cacau deriva da palavra cacahualt (idioma nahuatl) falada pela civilização maia.
Os povos maia e asteca cozinhavam o cacau e o trituravam com milho e pimenta aromatizando o preparo com baunilha e canela. À bebida davam o nome de xocatl. Além de servir como base para a bebida, que deveria ser ingerida ritualisticamente, as amêndoas de cacau circulavam como moeda.
Evidências apresentadas atualmente demonstram que índios Kuna, da costa do Panamá, eram protegidos contra a elevação da pressão arterial por meio da ingestão de grandes quantidades de cacau, consumidos até com sal. A mortalidade por eventos cardiovasculares comparado com indivíduos pan-americanos é de nove contra 83 para cada 100.000 indivíduos. Os emigrantes para áreas urbanas perderam essa proteção.
No século XVI, com uma centena de amêndoas de cacau era possível comprar um bom escravo (Bondar, 1938). Ainda sobre o uso do cacau como moeda, Peter Martyr da Algeria escrevia em 1530: "Abençoado dinheiro, que fornece uma doce bebida e é benéfico para a humanidade, protegendo os seus possuidores contra a infernal peste da cobiça, pois não pode ser acumulado muito tempo nem escondido nos subterrâneos".
O contato inicial dos europeus com o cacau foi em 1502, quando um dos navios da quarta expedição de Colombo às Américas encontrou na costa norte da atual Honduras uma canoa nativa contendo amêndoas de cacau para comércio. Na América do Sul, a Venezuela foi um dos primeiros países a introduzir o cultivo do cacaueiro.
A referência mais antiga sobre o cultivo de cacau na Bahia data de 1655, quando o vice-rei D. Vasco de Mascarenhas confessou-se, em carta enviada ao capitão-mor do Grão Pará, “afeiçoado ao chocolate” e julgou útil ao Brasil a intensificação do seu plantio, principalmente na Bahia, pelo clima semelhante ao amazônico. Não se sabe, entretanto, se o pedido foi atendido.

Em 1746, Antonio Dias Ribeiro, da Bahia, recebeu algumas sementes do grupo Amelonado
Forastero, de um colonizador francês chamado Luiz Frederico Warneau, do Pará. Assim, introduziu o cultivo na Bahia. O primeiro plantio foi feito na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, no atual Município de Canavieiras. Em 1752 foram feitos plantios no Município de Ilhéus.
A partir da década de 1770 a coroa portuguesa passou a incentivar o plantio de novas lavouras de exportação para diminuir a dependência do comércio do açúcar. Teve início o plantio de lavouras alternativas como café, cacau e algodão.
O começo do cultivo comercial no município ilheense foi em 1820. Os pioneiros foram principalmente suíços e alemães com capital. A partir de 1835, o cacau tomou parte regular nas exportações anuais da província. Seu valor era pequeno em relação ao total das exportações provinciais, mas o cacau foi um dos raros produtos agrícolas a crescer de importância na receita da Bahia no século XIX.
Em 1860, ocorrem as primeiras exportações do produto para o mercado norte-americano (sessenta e sete toneladas de cacau baiano para o porto de Filadélfia).
Nas primeiras décadas do século XX, o cacau era o mais importante produto de exportação da Bahia e vários fazendeiros de origem humilde, proprietários de vastas plantações de cacau e de importantes casas comerciais, tornaram-se os novos ricos da sociedade baiana.
Nos anos 1930, os fazendeiros de cacau são apresentados como um grupo de homens que haviam trabalhado para a construção da riqueza regional, apesar das enormes dificuldades econômicas e sociais.
Em 1931, o governo federal declarou uma moratória nas execuções das dívidas dos agricultores de cacau e, através de Tosta Filho, criou o Instituto de Cacau da Bahia (I.C.B.).
Jorge Amado chama a atenção para o cenário do cacau com obras como Cacau (1933), seu segundo romance, seguido por Terras do sem fim (1943), narrativa sobre a saga da conquista da terra e a origem social dos coronéis, e São Jorge dos Ilhéus (1944), continuação do enredo anterior e que, como Gabriela Cravo e Canela (1958) aborda as mudanças no contexto social e econômico da região cacaueira.
A modernização da cidade de Ilhéus foi iniciada de fato a partir do século XX.
Em prática, um urbanismo que visava consolidar a ideia de que a “Princesa do Sul” representava o ethos da região cacaueira por excelência.
As técnicas de plantio e beneficiamento em uma área geográfica com características próprias resultaram na produção do cacau classificado tradicionalmente como Superior Bahia ou Tipo I.
De acordo com Seligsohn, no início da segunda metade do século XIX foi introduzido no sul da Bahia as espécies Pará e Maranhão pertencentes ao grupo Forastero. Essa variedade deu grande impulso à cacauicultura por sua menor exigência quanto às condições ecológicas, o que possibilitou o plantio do fruto em áreas consideradas de menor condição para o seu desenvolvimento.
O plantio tradicional do cacau no sul da Bahia seguiu o sistema de “mata cabrucada”. O sistema cabruca é caracterizado pelo plantio do cacau sob a sombra das árvores da Mata Atlântica e é utilizado na região cacaueira do sul da Bahia por mais de duzentos anos. Ele é responsável pela conservação da biodiversidade, dos solos e das águas e da produção florestal e de sementes, óleos, resinas, flores e outros produtos não madeireiros.
Em 1990 a produção sul baiana sofreu com a “vassoura de bruxa” que, aliada aos preços declinantes do produto no mercado internacional, gerou uma forte crise no setor. Após a crise econômica, o cacau tipo 1 Bahia deixou de ser negociado em bolsas de valores.
Atualmente, a criação da Indicação Geográfica do Cacau Sul da Bahia busca proteger e revalorizar o cacau Superior Bahia, conservar a biodiversidade da Mata Atlântica associada ao plantio de cacau e proteger o acervo patrimonial relacionado ao cultivo do cacau somado ao desenvolvimento sustentável da agricultura e do turismo mediante processos de certificação e marketing territorial.


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