O apóstolo de Sacramento gostava de dar aula manuseando o Livro da Natureza. Os conhecimentos de astronomia, por exemplo, eram assimilados pelos alunos durante a contemplação do céu. Era comum, também, Eurípedes levar seus alunos ao campo e transmitir-lhes conhecimentos de botânica ou zoologia. Pegava, então, uma planta ou um inseto e classificava-os, aproveitando o momento para falar de Deus.
Em 31 de janeiro de 1902 fundava-se o Liceu Sacramentano, sob o calor do entusiasmo e das esperanças do povo. Eurípedes Barsanulfo, após ter abandonado o sonho de fazer Medicina, coloca em prática um outro ideal, que foi fundar com outros professores o Liceu Sacramentano, supõe-se, numa espécie de cooperativa. A iniciativa de abrir o colégio foi de Eurípedes Barsanulfo. Eurípedes fora o abalizado construtor da iniciativa. Teve ele o cuidado de cercar-se de competente equipe de coadjutores, convidando o que havia de mais capacitado, na época, na cidade, para compor o quadro de sócios da nova entidade educacional. “O Liceu Sacramentano crescia no conceito geral e não tardou para que a fama do trabalho honesto e consciencioso, que ali se desenvolvia, a favor da Educação, transpusesse as fronteiras de inúmeras cidades do Brasil Central, que enviaram seus filhos para estudar em Sacramento.”
“O jovem professor do Liceu Sacramentano, mesmo antes de conhecer as luzes do Espiritismo, já se agasalhava na fonte sublime do sentimento guiando-se por elevada compreensão inata dos problemas do Espírito, que o haveria de inspirar na jornada norteadora, sempre leal ao ministério de Amor, que Jesus lhe confiou.” Na primeira década do século, já caracterizava seus processos de aprendizagem, estimulando, guiando, dirigindo, orientando o ensino, tal como preceituam os atuais pedagogos. Mestre abnegado era profundamente estimado pelos discípulos e pelos familiares dos mesmos.
Desde o início, Eurípedes compreendia que o problema educacional ia além do mero aprender a ler, contar e escrever. O aluno passou a ser respeitado nos valores naturais de que era portador em potencial, pois o mestre conhecia-lhe as faculdades racionais, as percepções, ideias, hábitos e reações condicionadas. Isto vinha estreitar o relacionamento entre o Professor e seus discípulos, criando entre eles os laços de mútua confiança.
A observação ao vivo das plantas era um dos pontos altos do processo didático de Eurípedes. Os alunos estudavam com entusiasmo os elementos constitutivos do vegetal e do seu respectivo funcionamento orgânico. Relatam discípulos de Eurípedes que recebiam dele, com grande frequência, inesquecíveis lições de moral, na extensão das aulas de Botânica “– Vejam”, assinala Eurípedes, “a rosa é bela e aromática, todavia vive entre espinhos. Do mesmo modo” – conclui o mestre, em tom de advertência – “são algumas rosas humanas, que se cobrem de cetins e rendas e expandem graça e beleza, mas, ai de quem deseja colhê-las... sai sempre ferido.” “Para as crianças tinha sempre um sorriso, um gesto bom de carinho ou uma palavra de alegria contagiante. Para os jovens era o conselheiro comedido de todas as horas – às vezes alegre, outras tantas vezes grave e sério – mas sempre com aquele toque de jovialidade, que marca o fiel da balança do equilíbrio, na orientação da juventude. Ele representa o próprio modelo da elevada Pedagogia, que criou.” “Os alunos compreendiam o valor da Educação Física à força de ouvir, diuturnamente, as excelências dessa prática, quando Eurípedes frisava também pontos de higiene, indispensável à saúde do corpo.” “Eurípedes era sumamente analítico e exigia, nos seus contatos com os alunos, sempre o porquê de tudo. Nunca, porém, deixava uma dúvida no cérebro dos educandos. Toda situação-problema era esmiuçada, examinada nos mínimos detalhes.”
As quartas-feiras eram consagradas inteiramente ao estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Assistiam às aulas os alunos do Colégio e numerosos visitantes. No final da aula, era o instante da prece de encerramento, quando, às vezes, a voz de Eurípedes mudava de timbre. Celina vem trazer palavras de estímulo da própria Mãe de Jesus. De outras vezes comparecem Jeanne d’Arc, Paulo de Tarso, Pedro, Felipe e outros discípulos do Cristo. A Pedagogia de Eurípedes Barsanulfo também no currículo o estudo da Astronomia, conforme o pedido de Maria, baseando-se no livro Astronomia Popular, de Camille Flammarion. Eurípedes adotava outros procedimentos, distanciava-se das ideias coercitivas que vigoravam na educação e procurou substituir práticas pedagógicas tradicionais por um ensino cooperativo, adotando métodos que incentivavam a ação, a liberdade, a investigação; a ordem e a disciplina não eram condições essenciais no cotidiano do colégio. As relações entre Eurípedes, os professores e os alunos não eram tão rígidas e hierarquizadas. Eurípedes queria construir uma escola com mais liberdade, autonomia, diálogo e afeto. A experiência do Colégio Allan Kardec tinha a intenção de negar a escola livresca, autoritária e distante da realidade. Ao contrário, pretendia criar uma nova forma de lidar com os alunos considerando seus interesses, necessidades, vivências, promovendo a educação intelectual, física e moral. Não havia horários rígidos para as atividades do colégio, o tempo de duração de aula variava de acordo com o conteúdo estudado e as atividades realizadas. Os ex-alunos contam que se sentiam em casa dentro do colégio; ajudavam em diversas tarefas, colaboravam mutuamente, viviam como numa grande família. Uma das principais lembranças dos ex-alunos era que no colégio meninos e meninas conviviam juntos, no recreio, no pátio, na sala de aula. Não havia como em muitos colégios republicanos separação de meninos e meninas no espaço do colégio.
A ação pedagógica de Eurípedes Barsanulfo trabalha nas pessoas um âmbito de estimulação e elas saem com a decisão de agir. Quem se aproxima dele sai modificado, pois deixa marcas por onde passa. “Tive muitos mestres em minha vida, mas nunca como aquele professor.” (Thomás Novelino) “É procurando a causa primeira dos instintos e dos pendores inatos que se descobrirão os meios mais eficazes de combater os maus e de desenvolver os bons. Quando essa causa for conhecida, a educação possuirá a mais possante alavanca moralizadora que jamais teve.” (Revista Espírita – junho de 1866 – Allan Kardec.) “Eurípedes Barsanulfo entendeu tão profundamente a consequência inevitável do falso conceito de aprendizagem, vigente na época, que criou, junto às atividades intelectuais, o cultivo de outras aprendizagens, sobretudo apreciativa ou emocional, formadora de atitudes afetivas e da motriz ou ativa, referente às atitudes e hábitos de ação.”
A partir do projeto, todas as aulas e conteúdos são construídos pelos professores. A aprendizagem do aluno é toda focada na observação, na percepção, na experimentação junto à natureza. Somente após a utilização do recurso da natureza, os alunos são levados para a sala de aula e dão continuidade ao que puderam perceber relacionando suas observações com o conteúdo a ser estudado.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/escola-euripedes-barsanulfo-onde-o-amor-e-a-natureza-sao-a-aprendizagem/77286/#ixzz3dKmUIlAS
Em 31 de janeiro de 1902 fundava-se o Liceu Sacramentano, sob o calor do entusiasmo e das esperanças do povo. Eurípedes Barsanulfo, após ter abandonado o sonho de fazer Medicina, coloca em prática um outro ideal, que foi fundar com outros professores o Liceu Sacramentano, supõe-se, numa espécie de cooperativa. A iniciativa de abrir o colégio foi de Eurípedes Barsanulfo. Eurípedes fora o abalizado construtor da iniciativa. Teve ele o cuidado de cercar-se de competente equipe de coadjutores, convidando o que havia de mais capacitado, na época, na cidade, para compor o quadro de sócios da nova entidade educacional. “O Liceu Sacramentano crescia no conceito geral e não tardou para que a fama do trabalho honesto e consciencioso, que ali se desenvolvia, a favor da Educação, transpusesse as fronteiras de inúmeras cidades do Brasil Central, que enviaram seus filhos para estudar em Sacramento.”
“O jovem professor do Liceu Sacramentano, mesmo antes de conhecer as luzes do Espiritismo, já se agasalhava na fonte sublime do sentimento guiando-se por elevada compreensão inata dos problemas do Espírito, que o haveria de inspirar na jornada norteadora, sempre leal ao ministério de Amor, que Jesus lhe confiou.” Na primeira década do século, já caracterizava seus processos de aprendizagem, estimulando, guiando, dirigindo, orientando o ensino, tal como preceituam os atuais pedagogos. Mestre abnegado era profundamente estimado pelos discípulos e pelos familiares dos mesmos.
Desde o início, Eurípedes compreendia que o problema educacional ia além do mero aprender a ler, contar e escrever. O aluno passou a ser respeitado nos valores naturais de que era portador em potencial, pois o mestre conhecia-lhe as faculdades racionais, as percepções, ideias, hábitos e reações condicionadas. Isto vinha estreitar o relacionamento entre o Professor e seus discípulos, criando entre eles os laços de mútua confiança.
A observação ao vivo das plantas era um dos pontos altos do processo didático de Eurípedes. Os alunos estudavam com entusiasmo os elementos constitutivos do vegetal e do seu respectivo funcionamento orgânico. Relatam discípulos de Eurípedes que recebiam dele, com grande frequência, inesquecíveis lições de moral, na extensão das aulas de Botânica “– Vejam”, assinala Eurípedes, “a rosa é bela e aromática, todavia vive entre espinhos. Do mesmo modo” – conclui o mestre, em tom de advertência – “são algumas rosas humanas, que se cobrem de cetins e rendas e expandem graça e beleza, mas, ai de quem deseja colhê-las... sai sempre ferido.” “Para as crianças tinha sempre um sorriso, um gesto bom de carinho ou uma palavra de alegria contagiante. Para os jovens era o conselheiro comedido de todas as horas – às vezes alegre, outras tantas vezes grave e sério – mas sempre com aquele toque de jovialidade, que marca o fiel da balança do equilíbrio, na orientação da juventude. Ele representa o próprio modelo da elevada Pedagogia, que criou.” “Os alunos compreendiam o valor da Educação Física à força de ouvir, diuturnamente, as excelências dessa prática, quando Eurípedes frisava também pontos de higiene, indispensável à saúde do corpo.” “Eurípedes era sumamente analítico e exigia, nos seus contatos com os alunos, sempre o porquê de tudo. Nunca, porém, deixava uma dúvida no cérebro dos educandos. Toda situação-problema era esmiuçada, examinada nos mínimos detalhes.”
As quartas-feiras eram consagradas inteiramente ao estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Assistiam às aulas os alunos do Colégio e numerosos visitantes. No final da aula, era o instante da prece de encerramento, quando, às vezes, a voz de Eurípedes mudava de timbre. Celina vem trazer palavras de estímulo da própria Mãe de Jesus. De outras vezes comparecem Jeanne d’Arc, Paulo de Tarso, Pedro, Felipe e outros discípulos do Cristo. A Pedagogia de Eurípedes Barsanulfo também no currículo o estudo da Astronomia, conforme o pedido de Maria, baseando-se no livro Astronomia Popular, de Camille Flammarion. Eurípedes adotava outros procedimentos, distanciava-se das ideias coercitivas que vigoravam na educação e procurou substituir práticas pedagógicas tradicionais por um ensino cooperativo, adotando métodos que incentivavam a ação, a liberdade, a investigação; a ordem e a disciplina não eram condições essenciais no cotidiano do colégio. As relações entre Eurípedes, os professores e os alunos não eram tão rígidas e hierarquizadas. Eurípedes queria construir uma escola com mais liberdade, autonomia, diálogo e afeto. A experiência do Colégio Allan Kardec tinha a intenção de negar a escola livresca, autoritária e distante da realidade. Ao contrário, pretendia criar uma nova forma de lidar com os alunos considerando seus interesses, necessidades, vivências, promovendo a educação intelectual, física e moral. Não havia horários rígidos para as atividades do colégio, o tempo de duração de aula variava de acordo com o conteúdo estudado e as atividades realizadas. Os ex-alunos contam que se sentiam em casa dentro do colégio; ajudavam em diversas tarefas, colaboravam mutuamente, viviam como numa grande família. Uma das principais lembranças dos ex-alunos era que no colégio meninos e meninas conviviam juntos, no recreio, no pátio, na sala de aula. Não havia como em muitos colégios republicanos separação de meninos e meninas no espaço do colégio.
A ação pedagógica de Eurípedes Barsanulfo trabalha nas pessoas um âmbito de estimulação e elas saem com a decisão de agir. Quem se aproxima dele sai modificado, pois deixa marcas por onde passa. “Tive muitos mestres em minha vida, mas nunca como aquele professor.” (Thomás Novelino) “É procurando a causa primeira dos instintos e dos pendores inatos que se descobrirão os meios mais eficazes de combater os maus e de desenvolver os bons. Quando essa causa for conhecida, a educação possuirá a mais possante alavanca moralizadora que jamais teve.” (Revista Espírita – junho de 1866 – Allan Kardec.) “Eurípedes Barsanulfo entendeu tão profundamente a consequência inevitável do falso conceito de aprendizagem, vigente na época, que criou, junto às atividades intelectuais, o cultivo de outras aprendizagens, sobretudo apreciativa ou emocional, formadora de atitudes afetivas e da motriz ou ativa, referente às atitudes e hábitos de ação.”
A partir do projeto, todas as aulas e conteúdos são construídos pelos professores. A aprendizagem do aluno é toda focada na observação, na percepção, na experimentação junto à natureza. Somente após a utilização do recurso da natureza, os alunos são levados para a sala de aula e dão continuidade ao que puderam perceber relacionando suas observações com o conteúdo a ser estudado.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/escola-euripedes-barsanulfo-onde-o-amor-e-a-natureza-sao-a-aprendizagem/77286/#ixzz3dKmUIlAS
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